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O CONTA-GOTAS FUNCIONA
BC não tem opção para deter preços e faz o correto,
afirma economista
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista-chefe do banco
Boreal, Elson Teles, acredita que a
política monetária do Banco Central segue na direção correta. Segundo Teles, a atividade econômica já apresenta sinais de desaceleração, mas as expectativas
continuam altas, porque o mercado tende a olhar para o comportamento passado dos preços.
"Como a inflação dos últimos
meses foi muito alta, teme-se uma
pressão grande de repasse. É o caso dos sindicatos, que deverão
brigar por aumento de salário",
afirma Teles.
De acordo com o economista,
para conter o temor de que surjam novos focos de pressão sobre
os preços nos próximos meses, o
BC não pode se mostrar leniente
com a inflação. A expectativa do
Boreal é que o IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo) fique em 11% neste ano.
Folha - A política monetária está
na direção certa?
Elson Teles - Acho que está na direção certa, sim. O Banco Central
sempre deixa claro que há uma
defasagem da transmissão dos
efeitos da política monetária para
os preços, que pode levar de seis a
nove meses. Como as medidas começaram em outubro, ainda temos de ter um pouco de paciência.
Folha - Já há sinais de efeito dos
juros sobre a atividade econômica?
Teles - Já estamos vendo recuo
da atividade econômica, tanto no
nível de produção industrial como nas vendas do comércio. O índice de confiança do consumidor
também já recuou.
Folha - Se a tendência é que os
preços recuem, por que novos aumentos de juros são necessários?
Teles -A inflação ainda demonstra resistência à queda por conta
da inércia inflacionária. A política
monetária perde graus de eficácia
quando a inflação atinge níveis
muito altos. Foi o que aconteceu
recentemente por causa da desvalorização do real.
O BC não tem alternativa. Tem
de tentar fazer com que as expectativas do mercado voltem a convergir. Essa inércia tem a ver com
o fato de que o BC estourou a meta dois anos consecutivos. O mercado olha mais para trás do que
para frente. Fica desconfiado e teme que surjam novos focos de
pressão.
Por tudo isso, esses aumentos
de juros, que nos últimos meses
somam 8,5 pontos percentuais e
já representam um choque, têm
sido necessários.
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