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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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Fipe mostra que alta de preços já perde fôlego em SP

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação perde força e começa a cair em São Paulo. Nos últimos 30 dias terminados em 15 deste mês, os preços subiram, em média, 2,13%, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Na semana anterior, a pesquisa da instituição tinha registrado alta de 2,23%.
Para o economista Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, "a inflação está perdendo ritmo, apesar da antecipação dos reajustes na área de transportes públicos em São Paulo. Essa antecipação frustrou a expectativa de queda da taxa já em janeiro", diz ele.
A partir de março, no entanto, todos os índices devem convergir para uma redução nas taxas, derrubando as expectativas anuais de inflação. Heron mantém a previsão de 7% para este ano, uma taxa que o próprio economista considera "muito otimista".
A inflação deste mês, assim como ocorreu em janeiro, continua sendo alimentada por transportes e custos com educação. Juntos, esses dois itens representaram 65% da taxa do período. Nas contas da Fipe, a pressão desses itens desaparecerá nas próximas semanas, "e portanto não se pode descartar uma taxa de 1% neste mês e uma inflação bem reduzida em março".
A redução da taxa ocorrerá, ainda, por causa da queda do poder aquisitivo da população. Pelos dados da Fipe, quem tinha salário de R$ 1.000 no início de agosto de 2002 terminou janeiro com R$ 900, desde que não tenha tido reajuste nos últimos meses. Se for utilizado o IGP (Índice Geral de Preços, da FGV), esse valor cai para apenas R$ 840.

Alimentação
O custo dos alimentos, importante item na composição da inflação em São Paulo, "recuou muito pouco", diz Heron. Nos últimos 30 dias, os preços subiram 1,47%, contra 1,52% na pesquisa anterior.
Os produtos industrializados recuaram menos do que o esperado, enquanto os "in natura" continuam com forte pressão devido às chuvas seguidas de calor, o que estraga a produção. A abobrinha teve alta de 37% nos últimos 30 dias. No mesmo período, a alface e a escarola subiram 18%.
Sobre a alta dos juros para 26,5%, decidida ontem pelo Copom, Heron diz não concordar com ela porque a tendência de inflação já é de queda.
"Em março, quando todos os índices mostrarem a redução da inflação, é provável que alguém diga que foi por causa desse aumento dos juros."


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