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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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Centrais afirmam que pesquisa não é precisa

DA REPORTAGEM LOCAL

CUT, Força Sindical, CGT, SDS e CAT criticaram a pesquisa divulgada ontem pelo IBGE. Para as centrais sindicais, o instituto não fez uma radiografia precisa do setor, já que levou em conta o número de sindicatos filiados, e não a representatividade deles.
"A CUT pode manter a hegemonia em números de sindicatos, mas pode ter poucos trabalhadores em cada um deles", diz Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical. "É preciso lembrar que três dos maiores sindicatos do país estão em nossa base: o dos comerciários, o dos trabalhadores da construção civil e o dos metalúrgicos de São Paulo."
Para José Dari Krein, pesquisador do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), ligado à Unicamp, a pesquisa mostra um retrato do que ocorreu nos anos 90. "Houve crescimento do desemprego nos setores industrial e público. Por isso a CUT perdeu representatividade. Já a Força, como nasceu em 91 e teve apoio do governo, só tinha de crescer", afirma.
A CUT, que há dez anos respondia por 74% dos sindicatos filiados à central, agora representa 66%. A pesquisa informa que a Força representa 19% dos sindicatos filiados às centrais -em 92, representava 13%. "Não dá para olhar só para o número de sindicatos. Tem de considerar a representatividade deles", diz Krein.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT), Luiz Marinho, a pesquisa do IBGE mostra o enfraquecimento do sindicalismo brasileiro, "que está muito pulverizado. É preciso mudar a estrutura sindical do país".
Na avaliação da CAT, a pesquisa falha ao não mensurar os trabalhadores representados em movimentos sociais e populares.
Para os sindicalistas, a diminuição no número de greves mostra o amadurecimento nas relações entre patrões e empregados. "No passado, fazíamos greve até para conseguir café com leite e pão com manteiga para os trabalhadores. Hoje resolvemos muito por telefone", diz Paulinho. "Nos anos 70, as empresas ignoravam a pauta de negociação. Hoje, negociam", diz Marinho. (FF e CR)


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