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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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Cesp negocia saída para juros de R$ 2,8 bi que vencem em 2003

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Cesp negocia com o BNDES, o governo federal e investidores internacionais uma saída para os pesados encargos da sua dívida, que, neste ano, chegam a R$ 2,8 bilhões. Os recursos que ela vai gerar neste ano são insuficientes para cobrir o desembolso com juros, e o governo paulista, controlador da empresa, não tem como socorrê-la.
"O governo do Estado teria de fazer um aporte de US$ 1 bilhão para sanear a Cesp, mas não tem recursos para isso", diz Mauro Arce, presidente do conselho da empresa e secretário de Energia e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. "Estamos avaliando alternativas para equacionar o serviço da dívida", diz Guilherme Cirne de Toledo, presidente da empresa.
Para analistas de mercado ouvidos pela Folha, a situação da maior geradora de energia paulista é preocupante. "O caso da Cesp é até mais crítico que o da Eletropaulo", diz Sérgio Tamashiro, analista do Unibanco.
A AES, controladora da Eletropaulo, não quitou no final de janeiro uma parcela de US$ 85 milhões da dívida contraída com o BNDES na época da privatização da distribuidora, em 1997. A Eletropaulo pode ser retomada pelo banco. Mas a empresa gera recursos suficientes para cumprir seus compromissos no médio prazo, segundo analistas do setor elétrico.
Já a Cesp tem uma geração de caixa (receitas) estimada em R$ 1,2 bilhão para este ano, segundo Tamashiro -insuficiente para cobrir o total de desembolso com juros. "Precisamos equacionar o pagamento de R$ 1,6 bilhão; para o resto, temos dinheiro", diz Arce.
Segundo o secretário, o caminho é a negociação com os credores. "Já está sendo contratado um banco internacional para negociar a prorrogação dos eurobonds emitidos pela empresa no ano passado e que vencem em maio, no valor de US$ 150 milhões", diz. Em troca da rolagem do prazo para 2005, a Cesp passaria a pagar 11% de juros ao ano, em vez dos atuais 9%.
Com o governo federal, diz Arce, as negociações estão sendo feitas com a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, e com o Ministério da Fazenda e envolvem, ainda, o ministro da Casa Civil, José Dirceu. "Da dívida total da Cesp -R$ 11,4 bilhões-, a maior parte é com o Tesouro Nacional", diz Arce, para explicar o envolvimento de tantas áreas de governo.
Trata-se de um montante de R$ 2,8 bilhões, fruto da renegociação da dívida externa brasileira concluída em 1994, no contexto do Plano Brady. A Cesp ficou na época com papéis da dívida, cujas garantias são vinculadas às receitas da companhia, segundo nota de seu último balanço.
Além da renegociação, Arce diz que a empresa tenta antecipar a venda de energia que será liberada em 2004 dos contratos iniciais firmados com as distribuidoras na época da privatização. A empresa ofereceu essa energia em leilão no ano passado, mas não houve compradores.
Segundo Arce, com a venda em leilão, a empresa poderia obter uma receita antecipada de R$ 400 milhões neste ano.


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