São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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SUPERÁVIT

Bom desempenho nas transações correntes é puxado pela balança comercial

País tem o maior saldo nas contas externas em 11 anos

NEY HAYASHI DA CRUZ
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As contas externas registraram, em janeiro, o melhor resultado em 11 anos. Segundo dados do Banco Central, a conta de transações correntes -resultado da compra e venda de bens e serviços com outros países- teve um resultado positivo de US$ 4,567 bilhões nos últimos 12 meses.
Esse valor equivale a 0,91% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por um país em determinado período) -o melhor resultado registrado pelo Brasil desde 1993.
Em janeiro, o superávit foi de US$ 669 milhões, o melhor resultado para um mês de janeiro desde 1992. Para este mês, espera-se um novo resultado positivo. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o saldo de fevereiro deve ficar em torno de US$ 100 milhões.
Lopes afirma que o bom desempenho das contas externas se deve aos números alcançados pela balança comercial, que ficaram acima do esperado. Por causa desses números, o BC elevou de US$ 19 bilhões para US$ 20 bilhões sua projeção para o saldo da balança comercial neste ano.
Segundo a estimativa do BC, as exportações brasileiras devem chegar a US$ 76 bilhões neste ano, o que significaria um aumento de 4% em relação a 2003. As importações, por sua vez, devem crescer 16%, chegando a US$ 56 bilhões em 2004.
O crescimento mais forte das importações reflete a expectativa de retomada da atividade econômica para este ano. Embora números oficiais ainda não tenham sido divulgados, estima-se que o crescimento tenha ficado próximo de zero em 2003. Para 2004, de acordo com projeção do BC, a economia deve crescer 3,5%.
Devido a esse crescimento mais acelerado, os resultados positivos alcançados neste início do ano pela conta de transações correntes não devem se repetir nos próximos meses. Segundo o BC, o saldo de 2004 deve ficar negativo em US$ 3,9 bilhões.
A conta de transações correntes é formada pela soma dos resultados da balança comercial (exportações menos importações), da balança de serviços (pagamento de juros, remessa de lucros e gastos com viagens internacionais, entre outros) e das transferências unilaterais (dinheiro enviado para o Brasil por residentes no exterior, e vice-versa). No Brasil, essa conta é tradicionalmente deficitária devido aos elevados gastos com juros da dívida externa. Neste ano, essas despesas devem chegar a US$ 13,9 bilhões, valor 6,8% maior do que em 2003.
Para cobrir saldos negativos, o país precisava atrair grandes volumes de dólares, por meio de empréstimos e investimentos estrangeiros. Por isso se diz que o déficit em transações correntes é um dos indicadores da vulnerabilidade externa de um país. Nos últimos anos, porém, a desvalorização do real e a desaceleração da economia ajudaram a mudar o quadro. Em 2003, a conta de transações correntes fechou o ano no azul pela primeira vez desde 1992.


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