São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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PARCERIA

Chefe da assessoria do Planejamento diz que, com fim da cláusula de precedência, fundos precisarão ter capital maior

Governo poderá ter de aumentar garantia

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A exclusão da cláusula de precedência do projeto das PPPs (Parcerias Público-Privadas) pode obrigar o governo a aumentar as garantias a serem dadas aos investidores, na opinião do chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda.
Anteontem, a comissão especial da Câmara aprovou o texto básico do projeto, mas rejeitou a precedência, instrumento pelo qual o governo daria preferência aos pagamentos de projetos fechados no âmbito das parcerias em detrimento de outros investimentos.
"Isso, provavelmente, não vai inviabilizar o projeto, mas vai fazer com que os fundos de garantia precisem ter um capital maior. Vai diminuir a alavancagem [quantidade de recursos] que se pode ter com o fundo", disse Miranda à Folha.
O projeto das PPPs prevê a criação de um ou mais fundos com recursos ou ativos da União que poderão ser eventualmente acionados para cobrir compromissos do governo.
"Por que nós pusemos a questão da precedência? É para dar uma visão da importância estratégica desse modelo de parceria para o governo, mesmo com o fundo de aval", disse Miranda.
O projeto das PPPs ainda será levado à votação em plenário da Câmara e depois no Senado Federal. Durante a votação na Câmara, o governo poderá tentar incluir novamente a cláusula da precedência, mas desde que o texto não seja o mesmo que foi rejeitado pela comissão especial.
Somente para os seis principais projetos da primeira carteira de PPPs divulgada pelo governo, avaliada em R$ 13,1 bilhões, Miranda estima que seria necessário o aporte de aproximadamente R$ 1 bilhão do governo nos fundos de aval, uma espécie de seguro.
De acordo com ele, a maior parte do valor corresponderá a ações pertencentes à União, como as da Petrobras -apenas a parcela que exceder o controle das empresas.
Miranda concedeu a entrevista à Folha na última terça-feira, um dia antes, portanto, de a cláusula de precedência ter sido rejeitada pela comissão especial.
Assim, se o artigo não for reintroduzido antes da votação em plenário, o valor a ser alocado pelo governo somente para os seis principais projetos no fundo de aval deverá superar R$ 1 bilhão.


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