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Alta no minério de ferro atinge consumidor de aço
Distribuidores já pedem reajuste médio de 13%
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento de 71% no minério de ferro conseguido pela Vale do Rio Doce, em acordo assinado com siderúrgicas asiáticas anunciado anteontem, teve
reflexo imediato no preço do
aço no Brasil.
Antes mesmo de as siderúrgicas nacionais serem atingidas
pelo aumento da matéria-prima, grandes distribuidoras de
aço ligaram a seus clientes, pedindo aumentos de até 13%.
"Eles estão valorizando seus
estoques", afirma Edison Salgueiro Junior, diretor da Marksell, fabricante de equipamentos de movimentação de cargas
para caminhões. "Como o consumo de aço está muito aquecido, as empresas estão com a
carteira de pedidos completas e
precisam da matéria-prima,
haverá repasse."
Salgueiro foi um dos que receberam ligações de distribuidores alertando sobre o novo
aumento de preços. Neste ano,
o setor já havia sofrido reajuste
médio de 6%. Segundo ele, o
peso do aço para os equipamentos Marksell é de 15%, portanto o repasse a seus clientes
não deverá ser muito alto.
Montadoras e fabricantes de
eletrodomésticos não quiseram se pronunciar sobre o assunto. Porém em boa parte das
empresas desses setores discutiu-se ontem o que fazer, em caso de aumento expressivo do
insumo. O aço responde por
entre 52% e 55% do preço final
de carros de passeio.
Mesmo sem falar oficialmente, executivos de montadoras
disseram à Folha que esperam
aumento no preço do aço, que
deve ser repassado parcialmente ao consumidor.
Analistas de mercado também têm essa certeza: "Haverá
aumento no preço do aço e repasse aos grandes consumidores", diz Rodrigo Ferraz, analista de mineração e siderurgia
da corretora Brascan.
Para ele, as siderúrgicas brasileiras sofrerão menos do que
as concorrentes internacionais
porque produzem total ou parcialmente o minério de ferro
que utilizam. É o caso da CSN,
atendida integralmente pela
mina Casa da Pedra e que vende parte de sua produção.
Com a compra da JMendes, a
Usiminas também conseguiu
uma boa proteção contra oscilações de preços, e a Gerdau
produz 30% do minério que
usa, com perspectivas de chegar a 80%, até 2010.
"Para a CSN, o cenário é particularmente bom, já que ela
irá melhorar margens com a
tendência de alta do minério",
diz Ferraz. "Mesmo assim, todas reajustarão suas tabelas para acompanhar o mercado e
não perder lucratividade."
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