São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

2008 começa com geração recorde de emprego formal

Janeiro tem criação de 143 mil vagas, alta de 35% sobre mesmo mês de 2007

Indústria da transformação, puxada por carros e eletrodomésticos, e setor de serviços foram principais responsáveis pela expansão

Eduardo Naddar/Agência O Globo
Fila de inscrição para trabalho em obras do PAC em favela do Rio

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Embalado pelo recorde de contratações de 2007, o mercado de trabalho formal começou 2008 registrando o melhor saldo de empregos gerados no mês de janeiro. Segundo dados do Ministério do Trabalho, foram criadas 142.921 vagas com carteira assinada no mês passado. O resultado ficou 23% acima do recorde anterior, de janeiro de 2005, e 35% acima do registrado em janeiro de 2007.
A indústria da transformação e o setor de serviços foram os principais responsáveis pelo desempenho do mercado. Na avaliação do Trabalho, a atividade industrial continua sendo puxada pela forte demanda interna, principalmente carros e eletrodomésticos. Isso proporcionou a criação de 59.045 empregos formais na indústria.
No caso dos serviços, houve a influência favorável do período de férias escolares e dos preparativos para o Carnaval, movimentando segmentos de hotelaria, bares e restaurantes. O setor contratou 49.077 empregados em janeiro. A construção civil também apresentou resultado positivo: 38.643 vagas.
Já a agropecuária e o comércio não exibiram o mesmo vigor. No campo, as contratações somaram 8.035 vagas -menos da metade do número verificado em janeiro de 2007. Já o comércio encerrou o mês com saldo negativo de postos de trabalho, fechando 14.144 vagas.
Na análise do governo, os dados da agropecuária refletem o fim do ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste. A retração do mercado no comércio, afirma o ministério, pode ser justificada pelas demissões dos trabalhadores contratados para atender às festas de fim de ano.
Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o resultado de janeiro é uma demonstração de que a crise internacional não trouxe impactos negativos para a economia brasileira. Ele acredita que, neste mês, as contratações voltarão a ultrapassar as demissões em níveis recordes, tendência que deverá se estender até maio. "Em junho, o ritmo diminui um pouquinho", declarou Lupi. Ele reafirmou sua projeção para o ano: criação de 1,8 milhão de vagas formais.
No ano passado, o emprego com carteira assinada atingiu 1,617 milhão de vagas, no melhor resultado da história do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que vem sendo elaborado pelo Ministério do Trabalho desde 1992. O cadastro reúne as informações de todas as empresas sobre o emprego formal.
O economista da LCA Francisco Pessoa Faria acredita que as estimativas de Lupi para 2008 sejam otimistas em excesso. "O emprego não vai crescer em um ritmo mais elevado que o do ano passado. Estamos esperando 1,575 milhão de postos, segundo estimativas preliminares. E esse é um número muito bom", afirma Faria.
Segundo ele, haverá uma acomodação do nível de crescimento da indústria, e as condições de crédito já pararam de melhorar. "O resultado de janeiro surpreendeu e mostra que o ritmo das contratações ainda não enfraqueceu", ressalva Faria, que esperava uma geração líquida de 120 mil postos no mês passado. "A indústria da transformação está confiante o suficiente para continuar investindo e contratando. O resultado veio acima do que projetávamos", disse.
Outro setor que surpreendeu, para o especialista, foi a construção civil. "Já há alguns meses isso vinha ocorrendo por conta do crédito mais barato e a maior confiança na economia. Além disso, a queda dos juros talvez, e digo talvez, esteja provocando uma mudança no perfil de investimento. As pessoas estão investindo em imóveis."


Texto Anterior: Exportações podem crescer mais de US$ 4 bi
Próximo Texto: Fundos devem elevar reservas a partir de março
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.