São Paulo, domingo, 20 de março de 2005

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MERCADO ABERTO

Senado questiona Banco Popular

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) convocou o presidente do BPB (Banco Popular do Brasil), Ivan Guimarães, a depor na próxima terça-feira na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) para esclarecer os empréstimos realizados pela instituição. Para Jereissati, o BPB não tem exercido a atividade para a qual foi criado, que é ser o grande banco do microcrédito no Brasil.
Segundo Jereissati, o BPB foi criado para ter papel semelhante ao Banco Grameen, de Bangladesh, um dos pioneiros do microcrédito no mundo. O Grameen existe desde 1976 e concede créditos às pessoas de baixa renda para tocarem pequenas atividades de subsistência. O BPB, de acordo com Jereissati, financia o consumo, exercendo o mesmo papel que outros bancos. "Não sei por que mais um banco público se a Caixa já faz esse papel", questiona Jereissati.
As críticas do senador não param aí. Ele diz que os créditos do BPB são subsidiados pelo Tesouro e considera excessivos os gastos do banco de R$ 23,9 milhões em propaganda no ano passado, quando os empréstimos somaram R$ 20 milhões.
O presidente do BPB, Ivan Guimarães, rebate todas as acusações. Segundo ele, quando o banco foi criado, nunca se falou em microcrédito, e sim em microfinanças. "O nosso objetivo é exercer a inserção dos pobres no mercado", afirma.
Guimarães nega que as operações sejam subsidiadas. Segundo ele, apesar de o banco cobrar apenas 2% ao mês de juros nos empréstimos, o dinheiro utilizado para esses financiamentos é do depósito compulsório que fica retido no Banco Central. Portanto, a custo zero.
Sobre os gastos em publicidade, ele diz que eles foram necessários no início para a implantação do banco. Para este ano, ele diz que não houve ação de marketing e que o volume de crédito já subiu para R$ 40 milhões.

NOVO FRONT
Depois da derrota na semana passada em Nova York, Daniel Dantas, do Opportunity, pode sofrer novo revés. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) examina seriamente a possibilidade de punir os diretores do Opportunity por não ter sido divulgada a tempo a liminar que suspendia a venda da Telemig Celular e da Amazônia Celular. A CVM ficou irritada com a forma como o Opportunity divulgou o fato relevante, depois de o Citigroup ter anunciado a suspensão do leilão de venda das empresas. O Opportunity apenas informou ter tomado conhecimento do fato relevante do Citi. A autarquia considerou deboche. A pena máxima dada pela CVM pode chegar à inabilitação para atuar no mercado por 20 anos.

SUSPENSE
Na sexta-feira passada, a Anatel recebeu oito petições da Brasil Telecom. O conteúdo não foi informado. As suspeitas são que o Opportunity tenha dado início à disputa para reverter a derrota que sofreu para o Citigroup em Nova York.

INTERCÂMBIO
Furlan está animado com os resultados da viagem à Turquia. Ele considera que são grandes as possibilidades de intercâmbio comercial em áreas consideradas prioritárias para o governo brasileiro.

EXPEDIÇÃO
A Bovespa parte nesta semana para sua mais ousada jornada pela popularização do mercado. O Bovmóvel percorrerá as 36 unidades da Petrobras por três meses para levar a Bolsa a 65 mil funcionários da estatal.

PROTEÇÃO
O logotipo da McDonald's foi reconhecido pelo Inpi como marca de alto renome no Brasil. Na prática, a proteção pode aumentar em até 50% o valor da pena pelo crime de violação de marca registrada.

ESCALA E QUALIDADE
Os projetos de responsabilidade social desenvolvidos por empresas brasileiras precisam ganhar escala e qualidade, diz Viviane Senna, há dez anos à frente do Instituto Ayrton Senna. "Não adianta criar projetos para meia dúzia de crianças quando há no país mais de 38 milhões de jovens precisando de auxílio."
Ela diz que o instituto firmou parceria com a Votorantim, a Vale do Rio Doce e o governo do Estado de Sergipe para implantar programas educacionais que atenderão a 20 mil crianças só neste ano. Os mesmos programas já são adotados em outros cinco Estados, onde atendem 500 mil crianças.

TIRO N'ÁGUA
Anúncios de fusões e aquisições costumam ser acompanhados de expectativas de economia de custos graças à eliminação de setores coincidentes das empresas envolvidas -é a chamada sinergia. O resultado final, no entanto, tem ficado distante do almejado, segundo mostra um levantamento da consultoria McKinsey com ao menos 77 processos ocorridos em 2002 e seus desdobramentos.
Desse universo, 70% das companhias atingiram no máximo 90% do que esperavam no momento da transação -para mais de um quarto, esse índice não chega a 50%. Por essa razão, os benefícios com fusões e aquisições costumam ser maiores para quem é adquirido do que para quem compra, afirma a consultoria. Outro motivo é que, na previsão dos gastos, menos empresas erraram para cima os custos que teriam com fusões e aquisições.


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