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FORMAÇÃO DE PREÇO
Cursos ficam 226% mais caros de julho de 1994 a março de 2005, ante uma variação de 183% do IPCA
Mensalidade escolar bate inflação no Real
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Desde o lançamento do Plano
Real, quem tem filhos na escola
particular ou paga universidade
sofreu com aumentos acima da
inflação no valor da mensalidade
dos cursos. O grupo educação registrou alta acumulada no período (julho de 1994 a março de
2005) de 213,80%, de acordo com
levantamento do IBGE feito a pedido da Folha.
A variação supera o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do período -183,11%. No
caso específico dos cursos (colégios, universidade e cursos não-regulares), o item de maior peso
no grupo educação, o aumento foi
ainda maior: 225,91%.
Depois de oscilar abaixo da inflação média de 2000 a 2002, os
preços dos serviços educacionais
aceleraram nos dois últimos anos
e voltaram a subir mais do que o
IPCA, tendência que havia sido
registrada nos primeiros anos do
Plano Real.
Subiram 10,25% em 2003 e
10,44% em 2004 -o IPCA nesses
anos foi de 9,30% e 7,60%, respectivamente. O grupo alimentação,
nos mesmos períodos, avançou
bem menos -7,48% e 3,86%.
Segundo Eulina Nunes dos Santos, gerente de Índices de Preços
do IBGE, os reajustes mais intensos ficaram concentrados nos primeiros anos do Plano Real, quando houve um forte movimento de
recomposição de preços.
"Houve um ganho [de margens] naquele período. No começo do Real, os serviços como um
todo subiram mais do que outros
bens", afirma. Em 1995, enquanto
o IPCA ficou em 22,41%, o grupo
educação subiu 40,08%.
Nos dois últimos anos, diz ela,
os dissídios mais altos impulsionaram as mensalidades. É que,
por causa do choque cambial de
2002, provocado pelas eleições
presidenciais, a inflação disparou
e elevou os reajustes salariais do
ano seguinte.
Em abril de 2003, mês que concentra a maior parte das datas-bases de professores, o INPC (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado em 12 meses bateu em 19,36%, carregando o impacto da crise cambial de 2002.
"Educação é mais ou menos como um preço administrado. Seu
reajuste é definido por um contrato e carrega a inflação do passado. Em 2003, o aumento foi por
causa da correção dos salários",
afirma Nunes dos Santos.
Sem desconto
Representantes de colégios e
universidades dizem que foram
os dissídios de 2003 que puxaram
os reajustes das mensalidades para cima naquele ano e em 2004.
Afirmam ainda que a metodologia do IBGE não captura os descontos nas mensalidades.
Carlos Thadeu de Freitas Filho,
economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), diz que boa
parte da pressão sobre o grupo
educação teve origem no repasse
de custo dos serviços públicos,
que em toda a história do Real aumentaram mais do que a inflação
média. Cerca de 30% dos custos
fixos dos colégios são com energia, luz, água e telefone e outros
serviços.
"Os itens de educação sofrem
com a forte indexação que ainda
persiste na economia brasileira",
afirmou o economista.
Boa notícia
A boa notícia é que em 2005 tais
pressões não devem se repetir
com a mesma força. É que nem
tarifas públicas nem salários de
professores e demais profissionais de ensino subirão nos mesmos níveis de anos anteriores.
Os dados já revelam tal situação.
Segundo o IBGE, o grupo educação registrou inflação de 5,28%
em fevereiro, mês que praticamente concentra todos os reajustes de mensalidades. Em 2004, a
variação havia sido maior: 6,70%.
No caso dos cursos, o aumento foi
de 6,29%, ante 8,11% em igual
mês de 2004.
De todos os serviços educacionais, o que teve o maior reajuste
foi o curso de primeiro grau, com
alta de 8,10% em fevereiro deste
ano. Em seguida, ficou o curso de
segundo grau, que sofreu um reajuste de 7,88%. A creche teve alta
de 7,13%.
Na ponta dos menores aumentos, ficaram os cursos diversos
(3,53%) e o curso de terceiro grau
(5,60%). A maior parte dessas categorias havia tido variações
maiores no ano passado.
Na conta do IBGE para chegar à
inflação das despesas com educação, também entra o material escolar. O livro didático aumentou
1,62%. Os artigos de papelaria tiveram alta de 1,83% -o caderno
subiu 2,47%.
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