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"Nosso objetivo é ser a 1ª do ranking"
DA REPORTAGEM LOCAL
Investimento em educação e
treinamento explicam, para Antoninho Marmo Trevisan, o crescimento de sua empresa. Em entrevista à Folha, ele defende sua
equipe, rechaça qualquer relação
do sucesso de sua empresa com o
governo e desafia os críticos.
"Faço um alerta aos concorrentes: coloquem as barbas de molho. Nosso objetivo é ser a primeira do ranking", disse ele, que começou a carreira como office-boy
e se tornou um dos empresários
mais bem-sucedidos do país.
A seguir, os principais trechos
da entrevista.
(JL)
Folha - Quais são os motivos do
crescimento da Trevisan?
Antoninho Marmo Trevisan -
Atribuo à competência dos profissionais, ao fato de a Trevisan
existir há 21 anos e de investirmos
pesadamente em educação e treinamento.
Somos a única empresa que teve
a coragem de manter uma universidade, por exemplo; a única que
forma contadores. Temos os melhores profissionais e atraímos os
melhores talentos.
Folha - Alguns de seus concorrentes atribuem o crescimento da Trevisan à proximidade com o governo Lula. É verdade?
Trevisan - Os meus concorrentes, tenho muito respeito por eles.
Mas, nos 21 anos de existência da
Trevisan, já ouvi de tudo: proximidade com todos os empresários, todos os governadores, todos
os prefeitos. Isso só alimenta a minha empresa e a mim a fazer mais.
Folha - Mas o senhor tem sido
muito prestigiado pelo governo federal. Hoje o vice-presidente fez
um discurso pelo celular para os
seus alunos, por exemplo.
Trevisan - Sou bem relacionado
e tenho ótimos amigos, mas o mérito da Trevisan está no fato de ser
crítica e de promover estudos e
debates. Isso tem chamado a
atenção de todos os que estão organizando entidades, empresas,
órgãos públicos; não só do governo federal. O próprio prefeito [da
cidade de São Paulo] José Serra
acaba de nos chamar para ajudá-lo a organizar as subprefeituras,
por exemplo.
Folha - O senhor refuta, então,
que haja qualquer tipo de influência de suas amizades nos contratos
envolvendo, de alguma forma, o
setor público?
Trevisan - Não tenho nenhuma
dúvida disso, até pelo tipo de trabalho que a Trevisan vem fazendo
e do qual estamos falando: ninguém contrata uma firma de auditoria senão pela reputação que
ela tem. Ninguém é louco de fechar contrato [com a auditoria ou
a consultoria] se não for por essa
razão. Não estamos crescendo de
agora, nossos números já vinham
bem, por conta de um processo
que vem acontecendo há muitos
anos.
Folha - E quanto aos fundos de
pensão ligados às estatais? O fato
de a maioria petista estar no comando dos fundos facilitou seus
negócios com as entidades de previdência complementar na área de
PPPs?
Trevisan - Claro que não, isso
não tem nenhum fundamento.
Acho que eles [os concorrentes]
podem fazer a mesma coisa. É só
passar a estudar, como fizemos,
as parcerias público-privadas; é
só passar a investir em pesquisa e
desenvolvimento que eles também conseguirão ser percebidos
pelo mercado. O mercado não é
tolo.
Folha - Antigamente, o senhor
defendia que o mercado de auditorias e consultorias era tão concentrado que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência) deveria intervir. Agora que a
Trevisan cresceu, continua pensando assim?
Trevisan - Francamente, somos
uma empresa ainda muito modesta, longe de ser o que merecíamos ser. Temos poucos clientes:
cerca de 40 companhias abertas,
em um ambiente de quase 600.
Folha - Mas o senhor tem contrato com grandes empresas.
Trevisan - Absolutamente, não
temos as maiores. Há um problema de informação aí. Não é a Trevisan que audita a Petrobras, não
é a Trevisan que audita o Banco
do Brasil, não é a Trevisan que audita a Caixa Econômica Federal. A
Trevisan audita, sim, boas, excelentes empresas. Companhias
abertas. Isso é fruto do nosso trabalho, nada que possa parecer estranho.
Agora, com uma empresa do
nosso porte, com 20 escritórios e
uma universidade... Confesso que
tenho brigado com meu pessoal,
acho que nosso desempenho é
muito ruim frente ao que podíamos estar fazendo e sendo hoje. É
só perguntar para os meus sócios.
Eu suspendi os bônus deste ano, a
performance foi muito ruim.
Folha - Por quê?
Trevisan - Porque não crescemos
o tanto que deveríamos. Tivemos
um crescimento muito baixo. Pelos trabalhos que fizemos, deveríamos ter crescido cerca de 40%.
Eu faço um alerta aos concorrentes: coloquem as barbas de molho. Não vamos deixar esse mercado tranqüilo. Nosso objetivo é
ser a primeira do ranking, não há
dúvida.
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