São Paulo, domingo, 20 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Nosso objetivo é ser a 1ª do ranking"

DA REPORTAGEM LOCAL

Investimento em educação e treinamento explicam, para Antoninho Marmo Trevisan, o crescimento de sua empresa. Em entrevista à Folha, ele defende sua equipe, rechaça qualquer relação do sucesso de sua empresa com o governo e desafia os críticos.
"Faço um alerta aos concorrentes: coloquem as barbas de molho. Nosso objetivo é ser a primeira do ranking", disse ele, que começou a carreira como office-boy e se tornou um dos empresários mais bem-sucedidos do país.
A seguir, os principais trechos da entrevista. (JL)

 

Folha - Quais são os motivos do crescimento da Trevisan?
Antoninho Marmo Trevisan -
Atribuo à competência dos profissionais, ao fato de a Trevisan existir há 21 anos e de investirmos pesadamente em educação e treinamento.
Somos a única empresa que teve a coragem de manter uma universidade, por exemplo; a única que forma contadores. Temos os melhores profissionais e atraímos os melhores talentos.

Folha - Alguns de seus concorrentes atribuem o crescimento da Trevisan à proximidade com o governo Lula. É verdade?
Trevisan -
Os meus concorrentes, tenho muito respeito por eles. Mas, nos 21 anos de existência da Trevisan, já ouvi de tudo: proximidade com todos os empresários, todos os governadores, todos os prefeitos. Isso só alimenta a minha empresa e a mim a fazer mais.

Folha - Mas o senhor tem sido muito prestigiado pelo governo federal. Hoje o vice-presidente fez um discurso pelo celular para os seus alunos, por exemplo.
Trevisan -
Sou bem relacionado e tenho ótimos amigos, mas o mérito da Trevisan está no fato de ser crítica e de promover estudos e debates. Isso tem chamado a atenção de todos os que estão organizando entidades, empresas, órgãos públicos; não só do governo federal. O próprio prefeito [da cidade de São Paulo] José Serra acaba de nos chamar para ajudá-lo a organizar as subprefeituras, por exemplo.

Folha - O senhor refuta, então, que haja qualquer tipo de influência de suas amizades nos contratos envolvendo, de alguma forma, o setor público?
Trevisan -
Não tenho nenhuma dúvida disso, até pelo tipo de trabalho que a Trevisan vem fazendo e do qual estamos falando: ninguém contrata uma firma de auditoria senão pela reputação que ela tem. Ninguém é louco de fechar contrato [com a auditoria ou a consultoria] se não for por essa razão. Não estamos crescendo de agora, nossos números já vinham bem, por conta de um processo que vem acontecendo há muitos anos.

Folha - E quanto aos fundos de pensão ligados às estatais? O fato de a maioria petista estar no comando dos fundos facilitou seus negócios com as entidades de previdência complementar na área de PPPs?
Trevisan -
Claro que não, isso não tem nenhum fundamento. Acho que eles [os concorrentes] podem fazer a mesma coisa. É só passar a estudar, como fizemos, as parcerias público-privadas; é só passar a investir em pesquisa e desenvolvimento que eles também conseguirão ser percebidos pelo mercado. O mercado não é tolo.

Folha - Antigamente, o senhor defendia que o mercado de auditorias e consultorias era tão concentrado que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência) deveria intervir. Agora que a Trevisan cresceu, continua pensando assim?
Trevisan -
Francamente, somos uma empresa ainda muito modesta, longe de ser o que merecíamos ser. Temos poucos clientes: cerca de 40 companhias abertas, em um ambiente de quase 600.

Folha - Mas o senhor tem contrato com grandes empresas.
Trevisan -
Absolutamente, não temos as maiores. Há um problema de informação aí. Não é a Trevisan que audita a Petrobras, não é a Trevisan que audita o Banco do Brasil, não é a Trevisan que audita a Caixa Econômica Federal. A Trevisan audita, sim, boas, excelentes empresas. Companhias abertas. Isso é fruto do nosso trabalho, nada que possa parecer estranho.
Agora, com uma empresa do nosso porte, com 20 escritórios e uma universidade... Confesso que tenho brigado com meu pessoal, acho que nosso desempenho é muito ruim frente ao que podíamos estar fazendo e sendo hoje. É só perguntar para os meus sócios. Eu suspendi os bônus deste ano, a performance foi muito ruim.

Folha - Por quê?
Trevisan -
Porque não crescemos o tanto que deveríamos. Tivemos um crescimento muito baixo. Pelos trabalhos que fizemos, deveríamos ter crescido cerca de 40%. Eu faço um alerta aos concorrentes: coloquem as barbas de molho. Não vamos deixar esse mercado tranqüilo. Nosso objetivo é ser a primeira do ranking, não há dúvida.


Texto Anterior: Auditoria: Após apoiar PT, Trevisan ganha mercado
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.