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Concorrentes também crescem após mudanças
DA REPORTAGEM LOCAL
Ventos favoráveis têm enfunado as velas de todas as auditorias,
não só as da Trevisan. De olho nos
bilhões das parcerias público-privadas (PPPs) e na implementação
de uma contabilidade mais rígida,
o setor privado aumentou a procura por consultores e auditores.
Especialistas acreditam que esse
mercado, no Brasil, movimentará
R$ 5,5 bilhões neste ano.
Aproveitando o momento, algumas empresas do setor têm se
valido de brechas na lei e artifícios
legais para oferecer "pacotes" de
serviços. Incluem engenharia financeira, consultoria de gestão,
redução de risco tributário, assessoria em fusões ou aquisições, investigação de fraudes, planejamento de grandes obras e checagem dos balanços. Em geral, a auditagem é a atividade menos rentável de todas.
A atuação em muitas pontas é
polêmica. Por isso, as auditorias
são unânimes em negar que prestem serviços conflitantes. Mas a
realidade é diferente. A venda de
"pacotes" é reconhecida como
prática comum no mercado.
Na maioria esmagadora dos
países, quatro empresas dominam a área de contabilidade: PricewaterhouseCoopers, KPMG,
Ernst & Young e Deloitte.
Para dimensionar o poder dessas empresas, presentes em todos
os continentes, e de suas concorrentes locais é preciso rever a própria história econômica mundial.
Antes da Revolução Industrial do
século 19, empresas eram instituições limitadas. Para crescer, os
empresários admitiram sócios capitalistas, distantes da administração, mas interessados em saber
a quantas andava o investimento.
Americanos e ingleses foram os
primeiros a perceber que os números tornavam-se mais confiáveis quando submetidos a terceiros - os auditores externos.
A paulatina consolidação da
economia globalizada levou grandes companhias a estenderam
tentáculos para outros mercados
e carregar consigo suas auditoras.
Restou às auditorias locais o papel
de coadjuvante. Entre o fim da década de 90 e 2002, porém, as auditorias internacionais sofreram
um enorme revés. Fraudes na
Ásia e falências titânicas nos Estados Unidos colocaram em xeque
a lisura dos auditores. A SEC (correspondente americana da CVM)
apertou as normas contábeis, ainda não implementadas de todo.
Exemplo é a Sarbanes-Oxley, lei
que determina maior transparência na divulgação dos resultados.
Além de compartilhar os dilemas mundiais, brasileiros vivem
seus próprios entraves. Inexiste
no país órgão específico para fiscalizar o trabalho das auditorias.
A incumbência é dividida entre a
CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Isso dificulta
a aplicação da lei. O país também
não segue normas internacionais
de contabilidade.
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