São Paulo, domingo, 20 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Concorrentes também crescem após mudanças

DA REPORTAGEM LOCAL

Ventos favoráveis têm enfunado as velas de todas as auditorias, não só as da Trevisan. De olho nos bilhões das parcerias público-privadas (PPPs) e na implementação de uma contabilidade mais rígida, o setor privado aumentou a procura por consultores e auditores. Especialistas acreditam que esse mercado, no Brasil, movimentará R$ 5,5 bilhões neste ano.
Aproveitando o momento, algumas empresas do setor têm se valido de brechas na lei e artifícios legais para oferecer "pacotes" de serviços. Incluem engenharia financeira, consultoria de gestão, redução de risco tributário, assessoria em fusões ou aquisições, investigação de fraudes, planejamento de grandes obras e checagem dos balanços. Em geral, a auditagem é a atividade menos rentável de todas.
A atuação em muitas pontas é polêmica. Por isso, as auditorias são unânimes em negar que prestem serviços conflitantes. Mas a realidade é diferente. A venda de "pacotes" é reconhecida como prática comum no mercado.
Na maioria esmagadora dos países, quatro empresas dominam a área de contabilidade: PricewaterhouseCoopers, KPMG, Ernst & Young e Deloitte.
Para dimensionar o poder dessas empresas, presentes em todos os continentes, e de suas concorrentes locais é preciso rever a própria história econômica mundial. Antes da Revolução Industrial do século 19, empresas eram instituições limitadas. Para crescer, os empresários admitiram sócios capitalistas, distantes da administração, mas interessados em saber a quantas andava o investimento.
Americanos e ingleses foram os primeiros a perceber que os números tornavam-se mais confiáveis quando submetidos a terceiros - os auditores externos.
A paulatina consolidação da economia globalizada levou grandes companhias a estenderam tentáculos para outros mercados e carregar consigo suas auditoras. Restou às auditorias locais o papel de coadjuvante. Entre o fim da década de 90 e 2002, porém, as auditorias internacionais sofreram um enorme revés. Fraudes na Ásia e falências titânicas nos Estados Unidos colocaram em xeque a lisura dos auditores. A SEC (correspondente americana da CVM) apertou as normas contábeis, ainda não implementadas de todo. Exemplo é a Sarbanes-Oxley, lei que determina maior transparência na divulgação dos resultados.
Além de compartilhar os dilemas mundiais, brasileiros vivem seus próprios entraves. Inexiste no país órgão específico para fiscalizar o trabalho das auditorias. A incumbência é dividida entre a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Isso dificulta a aplicação da lei. O país também não segue normas internacionais de contabilidade.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Declaração: Entrega do Simples Paulista vai até dia 31
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.