São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

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ANÁLISE

Sobe-e-desce de commoditites agrícolas coloca mais tensão sobre produtor brasileiro

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A soja, após atingir preços recordes na primeira semana deste mês, já recuou 19%. O café, 21%, e o açúcar, 23%. O trigo perdeu 16% na última semana.
Essa queda de preços das commodities agrícolas se deve a um ajuste provocado pelos fundos de investimentos. Diante da crise financeira nos EUA, muitos fundos estão reduzindo posições para cobrir buraco em outros investimentos ou porque simplesmente estão perdendo liquidez com a saída de investidores, temerosos desses dias cinzentos.
O mercado de commodities agrícolas continua testando os nervos dos investidores. Após atingir limites de alta na terça -o máximo que um produto pode subir por dia na Bolsa-, a maioria dos produtos fechou com limite de baixa ontem. Os limites servem para proteção de investidores em períodos de acentuadas altas e quedas.
O sobe-e-desce dos agrícolas deve continuar. Os chamados fundamentos do mercado não apontam com firmeza nem para cima nem para baixo.
Esse nervosismo do mercado só coloca mais tensão sobre os produtores brasileiros, que estão em período de colheita. A maior parte da produção deste ano já foi comercializada antecipadamente, e a preços bem abaixo dos atuais.
Os novos patamares recordes de preços são a esperança dos produtores de compensar o que deixaram de ganhar com as vendas antecipadas.
O comportamento das commodities é importante, ainda, para a balança comercial. Nos patamares atuais, o país pode trazer US$ 100 bilhões de receitas neste ano entre agrícolas e metais. O desaquecimento de preços geraria receita menor.
Os preços das commodities estão aquecidos no momento e podem sofrer um recuo. As condições de safra e de demanda, no entanto, não permitem uma queda muito forte, pelo menos até meados de julho, quando será conhecida a produção de grãos dos EUA, líder mundial em soja e milho.
Mas, se é difícil prever uma queda, também não há motivos para apostas em altas ainda maiores, já que os preços de grande parte dos agrícolas atingiram recordes neste mês. O mercado olha para julho porque, se vier uma supersafra nos EUA, haverá espaço para reajustes para baixo dos preços.
Se a safra se comportar dentro do previsto, o mercado já assimilou esse patamar de produção e o repassou para os preços. Mas uma queda na produção, principalmente porque aquele é um período de "veranicos", fará o mercado buscar outro patamar de preços, e para cima.


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