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ANÁLISE
Sobe-e-desce de commoditites agrícolas coloca mais tensão sobre produtor brasileiro
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A soja, após atingir preços recordes na primeira semana
deste mês, já recuou 19%. O café, 21%, e o açúcar, 23%. O trigo
perdeu 16% na última semana.
Essa queda de preços das
commodities agrícolas se deve
a um ajuste provocado pelos
fundos de investimentos. Diante da crise financeira nos EUA,
muitos fundos estão reduzindo
posições para cobrir buraco em
outros investimentos ou porque simplesmente estão perdendo liquidez com a saída de
investidores, temerosos desses
dias cinzentos.
O mercado de commodities
agrícolas continua testando os
nervos dos investidores. Após
atingir limites de alta na terça
-o máximo que um produto
pode subir por dia na Bolsa-, a
maioria dos produtos fechou
com limite de baixa ontem. Os
limites servem para proteção
de investidores em períodos de
acentuadas altas e quedas.
O sobe-e-desce dos agrícolas
deve continuar. Os chamados
fundamentos do mercado não
apontam com firmeza nem para cima nem para baixo.
Esse nervosismo do mercado
só coloca mais tensão sobre os
produtores brasileiros, que estão em período de colheita. A
maior parte da produção deste
ano já foi comercializada antecipadamente, e a preços bem
abaixo dos atuais.
Os novos patamares recordes
de preços são a esperança dos
produtores de compensar o que
deixaram de ganhar com as
vendas antecipadas.
O comportamento das commodities é importante, ainda,
para a balança comercial. Nos
patamares atuais, o país pode
trazer US$ 100 bilhões de receitas neste ano entre agrícolas e
metais. O desaquecimento de
preços geraria receita menor.
Os preços das commodities
estão aquecidos no momento e
podem sofrer um recuo. As
condições de safra e de demanda, no entanto, não permitem
uma queda muito forte, pelo
menos até meados de julho,
quando será conhecida a produção de grãos dos EUA, líder
mundial em soja e milho.
Mas, se é difícil prever uma
queda, também não há motivos
para apostas em altas ainda
maiores, já que os preços de
grande parte dos agrícolas atingiram recordes neste mês. O
mercado olha para julho porque, se vier uma supersafra nos
EUA, haverá espaço para reajustes para baixo dos preços.
Se a safra se comportar dentro do previsto, o mercado já assimilou esse patamar de produção e o repassou para os preços.
Mas uma queda na produção,
principalmente porque aquele
é um período de "veranicos",
fará o mercado buscar outro
patamar de preços, e para cima.
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