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Petrobras lucra 12% menos em 2009
Sob influência da crise, ganho da estatal recua para R$ 29 bi; diretor também atribui resultado menor ao efeito do câmbio
Empresa mantém preços no
mercado interno apesar de
queda do petróleo e, com
isso, lucro recua menos do
que o de suas concorrentes
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Mesmo com crescimento da
produção de petróleo e das exportações em 2009, a Petrobras não passou ilesa à crise e
viu seu lucro líquido cair 12%
em relação ao ano anterior. O
ganho foi de R$ 28,982 bilhões
no ano passado, ante R$ 32,988
bilhões em 2008.
Já superada a turbulência e
com crescimento de vendas e
produção, a companhia lucrou
R$ 8,1 bilhões no último trimestre de 2009 -alta de 31%
em comparação ao mesmo período de 2008.
Ao falar do lucro anual, o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, disse que o desempenho foi afetado especialmente pelo câmbio. É que a
queda do dólar diante do real
desvalorizou ativos e empresas
da estatal no exterior.
O impacto cambial negativo
foi de cerca de R$ 6 bilhões, segundo o executivo.
"Essa é a diferença básica. Se
não fosse isso, o aumento de
produção de petróleo teria
compensado a queda do preço
do barril no mercado internacional", disse.
Apesar da queda no lucro, o
resultado da Petrobras foi positivo se comparado ao de suas
concorrentes mundiais. A Exxon (EUA), por exemplo, viu
redução de 57% no resultado. A
Chevron (também dos EUA)
perdeu 56%, e a Shell (Reino
Unido), 52%.
Na mesma toada foram outras companhias do setor e sócias da Petrobras em projetos
no país. O lucro da norueguesa
Statoil caiu 58%. O da portuguesa Galp, parceira no pré-sal,
teve retração de 55,4%. A francesa Total perdeu 20%, e a britânica BP, 21%. A espanhola
Repsol, com forte presença na
Argentina, viu seu resultado reduzido em 6%.
O preço do petróleo Brent
caiu 36% na média de 2009. Já
os preços médios dos derivados
vendidos pela Petrobras, que
cobrou preços acima dos de referência internacional, cederam menos: 12%.
A Petrobras ganhou ao manter seus preços de combustíveis
cerca de 20% acima dos do
mercado norte-americano, onde as variações do petróleo são
repassadas imediatamente. No
Brasil, a política é manter um
alinhamento no médio prazo,
sem absorver oscilações de curto prazo do custo do barril.
Outro fator que impediu a redução maior do lucro foi o crescimento de 6% da produção de
petróleo por causa da entrada
em operação de novas plataformas. Ainda assim, a média
anual de extração de óleo -de
1,971 milhão de barris/dia- ficou abaixo da meta (2,050 milhões de barris).
Sob impacto da crise, o faturamento da companhia caiu
15% em 2009 -para R$ 215,1
bilhões-, diretamente afetado
pelas menores vendas de combustíveis nos primeiros meses
do ano e pelos preços mais baixos -12%, em média. Trata-se
de retrato de um ano em que o
PIB (Produto Interno Bruto)
recuou 0,2%.
Balança
Outro destaque positivo, diz
Barbassa, foram as exportações, que geraram saldo líquido
de US$ 2,9 bilhões graças à melhora das cotações do petróleo
pesado brasileiro no exterior e
do aumento de produção. Em
2009, a estatal registrou deficit
de US$ 980 milhões.
Para Erick Scott Hood, analista da corretora SLW, o desempenho da companhia foi
bom diante do tamanho da crise vivida em 2009.
Já Max Bueno, da Spinelli,
diz que o não alinhamento automático dos preços dos derivados no país -ao contrário do
que ocorre em mercados desenvolvidos- ajudou a Petrobras a sofrer menos com a queda dos preços do petróleo.
Colaborou ÁLVARO FAGUNDES, da Redação
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