|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Portugueses fecham cerco no Sul do país
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
A investida do grupo português
Sonae no Sul do país é entendida
pelos especialistas em varejo como
uma forma de fechar o cerco na região. Evitar que pesos-pesados, como Carrefour, Pão de Açúcar e o
próprio concorrente português,
Jerônimo Martins, possam disputar vendas no Sul do Brasil.
"A estratégia do grupo Sonae é
transparente. Eles querem dominar Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul", diz Nelson Barrizzelli, consultor de varejo. O Sonae
começou a investir no Brasil no
início dos anos 90, quando adquiriu a rede Real, da qual já era sócio.
Com exceção da rede paulista
Cândia, adquirida no ano passado
pelo grupo, as outras compras
ocorreram no Sul do país, como as
redes Mercadorama, do Paraná,
Exxtra Econômico, e agora, Nacional, do Rio Grande do Sul.
Segundo Barrizzelli, o grupo português Jerônimo Martins já mostrou, com a compra da rede de supermercados Sé, intenção de disputar os clientes de São Paulo. O
grupo holandês Ahold, sócio do
grupo pernambucano Bompreço,
mostra que quer se firmar nas regiões Norte e Nordeste. "Essas redes estrangeiras demonstram que
querem dominar áreas."
Para Barrizzelli, esses grupos,
além das redes Carrefour, da França, e Wal-Mart, dos Estados Unidos, já não têm como parar os investimentos feitos no país e, por
essa razão, vão continuar com a estratégia de aquisições de redes menores, que têm faturamento próximo de R$ 200 milhões por ano.
As redes cobiçadas pelos grandes
grupos de supermercados, segundo especialistas ouvidos pela Folha, são Epa, de Minas Gerais, Záffari, do Rio Grande do Sul, Paes
Mendonça e Sendas, do Rio de Janeiro. "O processo de concentração das redes continua cada vez
mais forte e mostra que os pequenos estão literalmente perdidos",
diz Luiz Fernando Biasetto, sócio-proprietário da Gouvêa de Souza.
Com a desvalorização do real, segundo os especialistas, o interesse
das redes estrangeiras no Brasil
aumentou, pois ficou mais barato
para elas investir no país. "O grupo
Sonae, assim que consolidar sua
participação no Sul do país, pode
ter interesse até em outras áreas",
diz Biasetto.
Na sua análise, a economia brasileira ainda passa por um período
de turbulência econômica, mas,
com a estabilização do dólar, a
queda da inflação e das taxas de juros, os investidores vão voltar ao
país.
Texto Anterior: Sonae compra Nacional e vira 3º no ranking Próximo Texto: Empresário gaúcho obtém habeas corpus Índice
|