São Paulo, Sábado, 20 de Março de 1999
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Portugueses fecham cerco no Sul do país

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

A investida do grupo português Sonae no Sul do país é entendida pelos especialistas em varejo como uma forma de fechar o cerco na região. Evitar que pesos-pesados, como Carrefour, Pão de Açúcar e o próprio concorrente português, Jerônimo Martins, possam disputar vendas no Sul do Brasil.
"A estratégia do grupo Sonae é transparente. Eles querem dominar Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul", diz Nelson Barrizzelli, consultor de varejo. O Sonae começou a investir no Brasil no início dos anos 90, quando adquiriu a rede Real, da qual já era sócio.
Com exceção da rede paulista Cândia, adquirida no ano passado pelo grupo, as outras compras ocorreram no Sul do país, como as redes Mercadorama, do Paraná, Exxtra Econômico, e agora, Nacional, do Rio Grande do Sul.
Segundo Barrizzelli, o grupo português Jerônimo Martins já mostrou, com a compra da rede de supermercados Sé, intenção de disputar os clientes de São Paulo. O grupo holandês Ahold, sócio do grupo pernambucano Bompreço, mostra que quer se firmar nas regiões Norte e Nordeste. "Essas redes estrangeiras demonstram que querem dominar áreas."
Para Barrizzelli, esses grupos, além das redes Carrefour, da França, e Wal-Mart, dos Estados Unidos, já não têm como parar os investimentos feitos no país e, por essa razão, vão continuar com a estratégia de aquisições de redes menores, que têm faturamento próximo de R$ 200 milhões por ano.
As redes cobiçadas pelos grandes grupos de supermercados, segundo especialistas ouvidos pela Folha, são Epa, de Minas Gerais, Záffari, do Rio Grande do Sul, Paes Mendonça e Sendas, do Rio de Janeiro. "O processo de concentração das redes continua cada vez mais forte e mostra que os pequenos estão literalmente perdidos", diz Luiz Fernando Biasetto, sócio-proprietário da Gouvêa de Souza.
Com a desvalorização do real, segundo os especialistas, o interesse das redes estrangeiras no Brasil aumentou, pois ficou mais barato para elas investir no país. "O grupo Sonae, assim que consolidar sua participação no Sul do país, pode ter interesse até em outras áreas", diz Biasetto.
Na sua análise, a economia brasileira ainda passa por um período de turbulência econômica, mas, com a estabilização do dólar, a queda da inflação e das taxas de juros, os investidores vão voltar ao país.


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