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ATIVIDADE ECONÔMICA
Pesquisa mostra que um terço das companhias está com estoques acima do nível considerado ideal
Freio pegará empresas superestocadas
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
As medidas para frear o ritmo de
expansão da economia, que o governo pode anunciar nos próximos dias, pegariam boa parte da
indústria e comércio no contrapé.
Cerca de um terço das empresas
está com estoques acima do que
consideram desejável. O freio
eventual teria impacto mais negativo para quem está nessa situação.
No mercado financeiro, a aposta
é que as medidas seriam anunciadas na reunião do Conselho Monetário Nacional, nesta semana. O
governo nega que elas seriam adotadas tão depressa.
Quando a intenção oficial se
concretizar -o ``quando'' cada
vez mais substitui o ``se''- quase
35% das empresas que se encontram superestocadas vão ver seus
problemas agravados.
Uma pesquisa mostra que, no final do primeiro trimestre, 34,9%
das empresas dos setores comercial, industrial e agropecuário estavam com estoques acima ou
muito acima do previsto.
Para 55% delas, o estoque estava
de acordo com o programado; e
apenas 10,1% disseram que o estoque estava abaixo ou bem abaixo
do esperado. A pesquisa, do Bic
Banco, ouviu 242 empresas.
A indústria de bens de consumo
duráveis -que inclui sobretudo
os fabricantes de eletroeletrônicos- é a mais estocada. Das 17
empresas desse setor consultadas,
64,7% informaram que os estoques estavam superiores ou bem
superiores ao previsto.
Dia das Mães
A indústria de bens de consumo
não-duráveis -especialmente
vestuário, calçados e alimentos-
também terminou março estocada. Das 58 ouvidas, 41,4% disseram que os estoques estavam acima ou bem acima do programado.
Das 41 empresas de varejo,
36,6% consideram-se na mesma
situação. No comércio atacadista,
dos 26 consultados, 30,8% disseram que os estoques estão altos.
``Os lojistas acumularam estoques maiores do que o esperado.
Por essa razão, diminuíram as
compras das indústrias'', diz Paulo Mallmann, diretor do Bic.
Para Luiz Rabi, chefe do departamento econômico do Bic, parte
do estoque pode ser desovada a
partir deste mês, por conta do Dia
das Mães. ``Isso se não vierem as
medidas para conter o consumo.''
Mallmann e Rabi consideram
que os números levantados pela
pesquisa mostram que não é necessário brecar a economia.
Boa parte das empresas industriais consultadas -109 das 153
ouvidas- manteve ou aumentou
a produção no primeiro trimestre
deste ano sobre a do último trimestre do ano passado.
Essa expansão, aliada à redução
do ritmo de vendas no comércio,
diz Mallmann, pode explicar os
aumentos nos estoques.
``A indústria provavelmente está muito estocada. Tem empresa
que chega a reduzir três vezes o
preço de um produto em um
mês'', diz Natale Dalla Vecchia, diretor da Lojas Cem.
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