São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997.

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ATIVIDADE ECONÔMICA
Pesquisa mostra que um terço das companhias está com estoques acima do nível considerado ideal
Freio pegará empresas superestocadas

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

As medidas para frear o ritmo de expansão da economia, que o governo pode anunciar nos próximos dias, pegariam boa parte da indústria e comércio no contrapé.
Cerca de um terço das empresas está com estoques acima do que consideram desejável. O freio eventual teria impacto mais negativo para quem está nessa situação.
No mercado financeiro, a aposta é que as medidas seriam anunciadas na reunião do Conselho Monetário Nacional, nesta semana. O governo nega que elas seriam adotadas tão depressa.
Quando a intenção oficial se concretizar -o ``quando'' cada vez mais substitui o ``se''- quase 35% das empresas que se encontram superestocadas vão ver seus problemas agravados.
Uma pesquisa mostra que, no final do primeiro trimestre, 34,9% das empresas dos setores comercial, industrial e agropecuário estavam com estoques acima ou muito acima do previsto.
Para 55% delas, o estoque estava de acordo com o programado; e apenas 10,1% disseram que o estoque estava abaixo ou bem abaixo do esperado. A pesquisa, do Bic Banco, ouviu 242 empresas.
A indústria de bens de consumo duráveis -que inclui sobretudo os fabricantes de eletroeletrônicos- é a mais estocada. Das 17 empresas desse setor consultadas, 64,7% informaram que os estoques estavam superiores ou bem superiores ao previsto.

Dia das Mães
A indústria de bens de consumo não-duráveis -especialmente vestuário, calçados e alimentos- também terminou março estocada. Das 58 ouvidas, 41,4% disseram que os estoques estavam acima ou bem acima do programado.
Das 41 empresas de varejo, 36,6% consideram-se na mesma situação. No comércio atacadista, dos 26 consultados, 30,8% disseram que os estoques estão altos.
``Os lojistas acumularam estoques maiores do que o esperado. Por essa razão, diminuíram as compras das indústrias'', diz Paulo Mallmann, diretor do Bic.
Para Luiz Rabi, chefe do departamento econômico do Bic, parte do estoque pode ser desovada a partir deste mês, por conta do Dia das Mães. ``Isso se não vierem as medidas para conter o consumo.''
Mallmann e Rabi consideram que os números levantados pela pesquisa mostram que não é necessário brecar a economia.
Boa parte das empresas industriais consultadas -109 das 153 ouvidas- manteve ou aumentou a produção no primeiro trimestre deste ano sobre a do último trimestre do ano passado.
Essa expansão, aliada à redução do ritmo de vendas no comércio, diz Mallmann, pode explicar os aumentos nos estoques.
``A indústria provavelmente está muito estocada. Tem empresa que chega a reduzir três vezes o preço de um produto em um mês'', diz Natale Dalla Vecchia, diretor da Lojas Cem.


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