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OPINIÃO ECONÔMICA
Observatório do mercado de trabalho
WALTER BARELLI
É cada vez mais frequente a
afirmação de que este fim de
século apresenta mudanças significativas no mundo do trabalho.
Eric Hobsbawn as identifica
como uma tragédia histórica,
pois quem perde seu posto de
trabalho terá grande dificuldade em voltar a desempenhar
funções semelhantes.
Como historiador, baseia-se
em fatos de seu conhecimento.
Repetem-se, ainda, à exaustão,
afirmações escatológicas sobre
o fim do emprego, na medida
em que até mesmo um dos principais pilares da construção da
social-democracia, o Estado de
Bem-Estar Social, ao exigir elevados custos da seguridade social, encontra dificuldades em
minorar os efeitos excludentes
da seleção desumana imposta
pela hipercompetição.
O processo de trabalho, eliminando os tempos mortos, e as
máquinas, assumindo as tarefas repetitivas, multiplicam a
produtividade do esforço humano em cada unidade de tempo, e ainda não foram pensadas
instituições que cumpram as
funções distributivas de renda
que o sindicato teve no processo
de industrialização.
Torna-se, portanto, imperioso
criar um sistema de informações que permita à sociedade
tomar decisões sobre rumos e
políticas para o novo mundo do
trabalho. Em São Paulo, tivemos a felicidade de reunir expressões de todos os setores interessados para instituir o Observatório de Situações de Emprego e Formação Profissional.
O grupo de trabalho conta
com a presença das federações
patronais, das centrais sindicais, das universidades e escolas
profissionais -Senai, Senac,
Senar- e de representações governamentais da área do trabalho e da educação.
Os estudos desse grupo já estão adiantados e está se delineando um modelo de pesquisas em que todos os parceiros
possam obter informações sobre
o estado atual e as tendências
do mercado de trabalho.
Recentemente, os organismos
do sistema estatístico nacional
(IBGE, Seade, Dieese, Fiesp, Ministério do Trabalho) apresentaram aos membros do projeto
de observatório o elenco de suas
estatísticas e seus projetos, no
campo de antecipação do futuro.
É dentro desse escopo que se
enquadra o estudo exploratório
da Fundação Seade, mostrando
a situação atual dos metalúrgicos demitidos no período
1990/1995. Segundo esse trabalho, de cada 100 metalúrgicos
que foram dispensados, 15,3%
estão aposentados e outros
15,2% estão desempregados. Os
demais 69,5% estão empregados, sendo que a maior parte,
31,1%, está na indústria, vindo
a seguir a área de serviços,
24,2%, e o comércio, 10,7%. É
curioso observar que, de cada
100 metalúrgicos demitidos no
período, só 21,6% estão empregados na própria indústria metalúrgica.
Eric Hobsbawn não tinha as
informações do Seade, mas antecipou alguma coisa que parece estar se verificando também
em São Paulo. Cresce, portanto,
a importância do Observatório
de Situações de Emprego e Formação Profissional.
Seus produtos devem orientar
todos os interessados das áreas
governamental, sindical e empresarial. O interesse comum
em termos de informações fidedignas faz com que haja a
maior colaboração entre todos
os parceiros. No passado, instituições patronais ou trabalhistas criaram seus próprios institutos. Hoje, o projeto do Observatório de Situações de Emprego conta com a contribuição coletiva, com o único interesse de
decifrar essa esfinge, que é o
futuro do emprego.
Walter Barelli, 58, economista, é secretário
do Emprego e Relações de Trabalho do Estado de São Paulo. Foi ministro do Trabalho
(governo Itamar Franco).
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