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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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CAPITAL

Três grandes negócios tiveram um estrangeiro como vendedor; para especialistas, porém, não há fuga de investidores

Fusões e aquisições crescem 35% no Brasil

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os capital está se recompondo no país. O total de fusões e aquisições de empresas cresceu 35% no primeiro trimestre do ano, segundo dados da KPMG. Em apenas quatro grandes negócios realizados, US$ 3,38 bilhões em ativos trocaram de mãos, até a semana passada, quando o holandês ABN Amro anunciou a compra do banco Sudameris, controlado pela Banca Intesa, italiana.
Na semana anterior, fora a vez da BCP, operadora de telefonia celular de São Paulo, ser entregue aos bancos credores pela sua controladora, a Bell South, dos EUA.
Outros dois grandes movimentos ocorreram em janeiro, com a compra do espanhol BBV banco pelo Bradesco e da TCO, operadora de telefonia móvel de capital nacional, pela BrasilCel (holding da Telesp Celular e da Telefônica Celular).
Ainda que em três desses quatro negócios estivesse um estrangeiro no lado vendedor, especialistas ouvidos pela Folha dizem que não há fuga de investidores estrangeiros do país. "Está ocorrendo uma recomposição patrimonial, acompanhando a tendência do capital internacional de estar sempre se movimentando", diz Antônio Corrêa de Lacerda, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica).
No ano passado, segundo levantamento da LatinTrade, US$ 10,9 bilhões foram movimentados em operações de fusões e aquisições de empresas no país. Dos 32 negócios realizados, a grande maioria envolveu vendedores e compradores locais. "É um movimento de busca de oportunidades", diz André Castelo Branco, sócio da KPMG Corporate Finance.
"Apenas nos negócios realizados no setor financeiro predominou a venda de controle ou participação por parte de estrangeiros, mas trata-se de bancos que tinham problemas", diz Castelo Branco.
Dados do Banco Central mostram que o fluxo de investimentos para participação no capital de empresas locais continua positivo neste ano. Em janeiro e fevereiro (últimos dados disponíveis), entrou US$ 1,278 bilhão em recursos de estrangeiros, para uma saída de US$ 149 milhões de investimentos diretos no capital de empresas.
Segundo Paulo Albuquerque, presidente do comitê econômico da Amcham (Câmara Americana de Comercio), "há poucas empresas estrangeiras deixando o país". No mundo todo, diz ele, está acontecendo um redirecionamento de capitais com o dinheiro migrando para a Ásia, especialmente a China. "O Brasil, que era o quinto no ranking dos investimentos diretos, caiu para o 13º lugar", acrescenta.

Força doméstica
Segundo levantamento da KPMG, ocorreram 58 fusões e aquisições de empresas no primeiro trimestre deste ano, contra 43 em igual período do ano passado. "Predominaram as transações domésticas", diz Castelo Branco.
Os setores onde ocorreu a maior movimentação nesse período foram o financeiro, o de alimentos, o de bebidas e fumo, o de tecnologia da informação e o de telecomunicações.
As instituições financeiras lideram a movimentação com sete negócios realizados neste ano e seis grandes operações no ano passado. Bancos de investimento e de varejo de capital estrangeiro foram comprados por instituições locais depois de sofrerem perdas no país.
No setor de alimentos, onde ocorreram cinco fusões e aquisições neste ano, a tendência é de entrada de capital estrangeiro, segundo Daniel Pasquale, analista da Fator Doria Atherino. Exemplo disso, segundo ele, foi o arrendamento com opção de compra, no início deste mês, do frigorífico Chapecó pelo grupo francês Louis Dreyfus. Foi a saída encontrada para a crise financeira da empresa que era controlada pelo grupo argentino Macri.

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