São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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PREVISÃO OTIMISTA

Região e países do Caribe devem crescer 3,8% em 2004, prevê o Bird; relatório alerta para vulnerabilidade

AL deve ter maior expansão em sete anos

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Puxados por Brasil e México, a América Latina e os países do Caribe devem fechar 2004 com a maior taxa de crescimento dos últimos sete anos, de 3,8%, segundo relatório divulgado ontem pelo Banco Mundial.
O crescimento da região neste ano deverá ficar acima da média mundial (3,7%), mas abaixo do previsto para os países em desenvolvimento (5,4%).
Apesar da melhora, o Banco Mundial qualificou o crescimento da América Latina como "pobre". Mas o economista-chefe da instituição, François Bourguignon, atribuiu ao Brasil e ao México a responsabilidade pela retomada neste ano.
No Brasil, as autoridades do Banco Central projetam um crescimento de 3,5% em 2004, abaixo da média para a região prevista pelo Banco Mundial.
Os países asiáticos voltarão a liderar o crescimento global em 2004, com uma média de 7,3%.
O Banco Mundial alertou, no entanto, que os emergentes -especialmente a América Latina- continuam vulneráveis a choques externos, principalmente a um inevitável aumento a curto ou médio prazos das taxas de juro nas economia desenvolvidas, sobretudo nos Estados Unidos.
O Banco Mundial (Bird) afirma no relatório "Desenvolvimento Financeiro Global 2004" que a recuperação econômica mundial é "consistente" e -mais positivo ainda- baseada agora em "um novo ciclo de investimentos que ocorre sem grandes pressões inflacionárias".
Um dos autores do estudo, o economista Hans Timmer, afirmou que "o mundo passa por um ciclo de investimento clássico, em que não são mais necessários estímulos fiscais das economias desenvolvidas".
Nesse quadro, a instituição recomenda a países como o Brasil que se preparem para um aumento dos juros nas economias avançadas e que evitem tomar empréstimos externos, especialmente de prazos mais curtos.
Na média, os países desenvolvidos carregam hoje déficits fiscais de 3,7% do PIB (Produto Interno Bruto). Nos EUA, o número já ultrapassa 5% do PIB.
"Esses déficits devem afetar o fluxo financeiro para os países em desenvolvimento à medida que o setor público nos países avançados começarem a competir com os emergentes pela poupança global [para financiar os déficits]", afirmou Uri Dadush, outro economista do Banco Mundial.
O provável início da correção dos déficits fiscais nas economias desenvolvidas a partir do segundo semestre de 2004 deve desacelerar o crescimento mundial como um todo em 2005 e 2006, mas as taxas continuarão bastante positivas (acima de 3% na média mundial) se comparadas aos resultados de 2002 e 2003 (de 1,8% e 2,6%, respectivamente).
Segundo o relatório do Banco Mundial -divulgado às vésperas da reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional), que será nesta semana-, a melhora do ambiente econômico a partir de 2003 fez o fluxo líquido (entradas menos saídas) de capitais privados para as economias em desenvolvimento atingir US$ 200 bilhões em 2003, acima dos US$ 155 bilhões de 2002.
Mais de 60% do dinheiro, no entanto, ficou concentrado em cinco países: China, Rússia, México, Índia e Brasil.
No caso brasileiro, a maior parte dos fluxos foi para investimentos que nada têm a ver com o setor produtivo.


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