São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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SOB NOVA DIREÇÃO

Após desistência de francês, cresce apoio para a indicação de Rato, ex-ministro das Finanças da Espanha

Espanhol deve assumir o comando do FMI

DA REDAÇÃO

O espanhol Rodrigo Rato, 55, é o virtual novo diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional). Ex-ministro das Finanças da Espanha, Rato tem o apoio dos EUA, dos países latino-americanos e, mais decisivo, conta com o respaldo da maioria dos países da União Européia.
Em seus 60 anos de história, o FMI sempre teve um europeu no comando. Desde a renúncia do alemão Horst Köhler, no mês passado, o principal cargo da instituição vem sendo ocupado interinamente pela número dois, a norte-americana Anne Krueger, vice-diretora-gerente.
Rato era um dos principais ministros do gabinete do ex-primeiro-ministro José María Aznar, cujo partido saiu derrotado nas eleições do mês passado, após os atentados de 11 de março em Madri. Com formação em direito, o espanhol promete ser mais político e diplomático do que propriamente um burocrata técnico à frente do Fundo.
Rato conta com a simpatia da América Latina porque tem sido um dos principais interlocutores entre os países da região e o G7 (os sete mais ricos do planeta). Tal diálogo decorre da grande presença de empresas espanholas na região e ganhou relevo após o colapso da Argentina em 2001.
A Argentina e o Brasil são hoje os dois principais devedores ao Fundo. Sua principal tarefa deverá ser dar solução para o impasse entre o governo argentino e os credores privados internacionais.
Rato não esconde que tem ambição de ser o primeiro-ministro do seu país, mas tal projeto deverá permanecer engavetado, até pela derrota de seu partido nas eleições. Filiou-se em 79 à Aliança Popular, que, em 89, tornou-se o Partido Popular, à direita no espectro partidário europeu.
O caminho para a indicação de Rato ao FMI ficou livre após o outro postulante ao cargo, o francês Jean Lemierre, ter abandonado a disputa para permanecer por mais quatro anos na direção do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento. Lemierre era o nome predileto para a França e para a Alemanha.
Sem nenhum outro candidato na disputa, o nome de Rato deverá ser aprovado rapidamente. Ontem mesmo ele esteve reunido com o ministro francês das Finanças, Nicolas Sarkozy, para discutir diretrizes para o Fundo.

Fundo aos 60
A indicação de Rato poderá ser confirmada ainda nesta semana, durante a reunião de primavera do FMI, em Washington. O espanhol assumirá a instituição no momento em que ela comemora os 60 anos de sua fundação.
O FMI foi criado em 1944, no Acordo de Bretton-Woods, sob a missão de dar maior estabilidade às finanças globais. Mas o Fundo só entrou em operação de fato em março de 1947.
Rato deixou o gabinete do Ministério das Finanças espanhol na semana passada, após oito anos no cargo. O país registrou sucessivos anos de crescimento no período, mas a taxa de desemprego permanece entre as mais elevadas do bloco econômico.
Fluente em inglês, Rato fez um curso de MBA (Master of Business Administration) na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Como ministro, adotou reformas liberais, abrindo os setores de energia e telecomunicações à competição. Esteve à frente também da implantação do euro.


Com agências internacionais


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