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Déficit exige freio para evitar
colapso, diz economista inglês
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
A vulnerabilidade do Brasil na
área externa (crescentes déficits
comercial e em contas correntes)
forçará o presidente Fernando
Henrique Cardoso a frear a economia a curto prazo para evitar o risco de um ``efeito caipirinha'' no
ano eleitoral de 1998.
É o que diz o economista inglês
Neil Dougall, do banco de investimentos Kleinwort Benson, de
Londres, pertencente ao grupo financeiro alemão Dresdner.
A avaliação faz parte de uma análise sobre a economia brasileira,
que circulou entre investidores
institucionais europeus em visita
ao país para examinar oportunidades de investimento.
O ``efeito caipirinha'' seria uma
repetição, no Brasil, do ``efeito Tequila'', ocorrido no México, em
dezembro de 1994, quando a retirada do país de recursos externos
causou uma crise de balanço de
pagamentos e a desvalorização do
peso em mais de 50%.
``O uso de medidas para frear o
consumo é a única opção do governo para evitar a contínua deterioração do déficit comercial, porque as iniciativas para incentivar
as exportações, tais como isenção
do ICMS e financiamentos baratos, e dificultar as importações,
tais como a redução de prazos de
financiamentos, só darão resultados a médio prazo'', afirma.
Ele aposta na adoção pela equipe
econômica de medidas de restrições aos prazos de crediários como
uma maneira rápida e efetiva de
esfriar o consumo, reduzindo a demanda de importações.
Dougall baseia sua aposta em dados que mostram que o prazo médio dos financiamentos de bens de
consumo mais do que dobrou nos
últimos 12 meses.
De acordo com a Servloj, especializada em crédito ao consumidor, os prazos médios de financiamentos para automóveis novos
aumentou de 6,5 meses no início
de 1996 para 16 meses atualmente,
para eletroeletrônicos, de 4,74 para 7,43, para móveis, de 3,58 para
6,13 e para materiais de construção, de 3,85 para 6,13.
Dougall descarta a sobrevalorização do real em relação ao dólar e
o ``custo Brasil'' como explicações
para o crescimento do déficit.
``O câmbio, a meu ver, está com
uma sobrevalorização de apenas
5% e as deficiências na infra-estrutura e o baixo nível de educação
não são coisas novas no Brasil.''
A explicação, diz Dougall, está
no aumento da elasticidade das
importações causada pela abertura
econômica, ou seja, para um determinado nível do PIB (Produto
Interno Bruto), o país está absorvendo um nível maior de importações. ``Isso não significa dificuldades insuperáveis, desde que a abertura da economia melhore a produtividade e gere uma resposta firme das exportações.''
Mas, diz Dougall, o freio agora
talvez seja necessário porque o impacto, por meio do aumento da
produtividade devido a uma maior
exposição à competição externa,
leva tempo para dar frutos.
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