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CONTAS PÚBLICAS
Resultado trimestral -excluindo gastos com juros- foi anunciado em Londres pelo presidente da República
União tem superávit de R$ 7 bilhões
CLÓVIS ROSSI
enviado especial a Londres
O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou ontem, em
Londres, que o superávit fiscal obtido pela União no primeiro trimestre do ano foi de R$ 7 bilhões,
superior à meta constante no memorando de entendimento assinado com o FMI.
O resultado significa que a
União, incluindo a Previdência, arrecadou R$ 7 bilhões a mais do que
gastou. O número exclui os juros
sobre a dívida interna e os resultados de Estados e de estatais.
O número foi transmitido ao
presidente no domingo à noite, pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, e festejado por ele porque lhe
permitiu mostrar aos empresários
britânicos com os quais se reuniu
ontem à tarde que o compromisso
que o governo assegura ter com o
ajuste fiscal "é mais claro que as
minhas belas palavras".
O presidente lembrou que, no
trimestre final do ano passado,
após, portanto, a crise da Rússia, o
governo tivera que fazer um enorme esforço para obter um superávit de entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões, nível agora superado.
A política do governo assenta-se,
precisamente, na obtenção de superávits fiscais para poder, a um só
tempo, pagar os juros da dívida interna e ainda amortizar parte dela.
É a forma de demonstrar que a
relação entre a dívida e o PIB (Produto Interno Bruto, medida da
renda nacional) não vai se tornar
inadministrável. Os investidores
externos temeram, no auge da crise, que isso ocorresse, o que levaria
o país a uma moratória da dívida
interna, parte dela em mãos de estrangeiros.
Por isso, o "compromisso" de
FHC com o ajuste fiscal foi o eixo
da sessão (fechada aos jornalistas)
em que o presidente debateu o
quadro econômico com um grupo
de 11 empresários britânicos.
Mais tarde, ao sair de encontro
com o primeiro-ministro Tony
Blair, o presidente disse aos jornalistas que expressara aos empresários sua "determinação pessoal de
fazer o ajuste fiscal, até porque o
combate à inflação é fundamental
para o Brasil, mas é também para
mim, porque toda a minha política, desde que fui ministro da Fazenda, foi a de dar estabilidade ao
país. Não iria, agora, perder a vantagem que o Brasil conseguiu".
Blair, por sua vez, ao menos na
versão transmitida por seu colega
brasileiro, manifestou satisfação
"com o fato de o Brasil estar ultrapassando as dificuldades, o que
evitou o contágio nas outras economias sul-americanas".
Confiança
Pouco modesto, FHC disse ainda
que o premiê britânico demonstrara "mais confiança no governo e
no presidente do Brasil do que as
dúvidas" manifestadas em recentes artigos tanto do jornal "Financial Times" como da revista "The
Economist".
A revista suspeita que as CPIs
(Comissões Parlamentares de Inquérito) em andamento no Senado
sobre os bancos e sobre o Judiciário possam desviar a atenção das
reformas.
O presidente acha que "não é o
que vai acontecer", até porque as
CPIs correm no Senado, e as reformas, na Câmara.
"CPI tem que ser encarada com
tranqüilidade, não com sobressalto. O governo nada tem a esconder
nem a temer", completou.
Na palestra aos empresários,FHC voltou a fazer previsões
otimistas sobre a economia brasileira, mais ou menos como ocorrera durante sua exposição ao empresariado alemão, na quinta-feira.
A estes, chegara a prever crescimento da economia brasileira ainda este ano, por mais que o memorando de entendimento com o FMI
fale em queda de 3,5% a 4%.
Aos britânicos, FHC limitou-se a
dizer que "há até quem fale em
crescimento", mas não assumiu
ele próprio a previsão.
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