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POLÍTICA ECONÔMICA
Presidente sugere criação de novo foro de coordenação, com participação do Brasil, para que decisões possam ser mais representativas
FHC propõe a Tony Blair a ampliação do G-7
do enviado especial a Londres
O presidente Fernando Henrique
Cardoso defendeu ontem junto ao
primeiro-ministro britânico, Tony
Blair, a criação de um novo foro de
coordenação de políticas econômicas, maior que o G-7, mas menor que o G-22.
O G-7 é o clube exclusivo dos sete
países mais ricos do mundo, com
uma longa tradição de coordenação de políticas, especialmente
cambiais. O G-22 é um grupo ainda
informal, que reúne, além dos sete
do G-7, 15 países em desenvolvimento, Brasil inclusive.
Para FHC, o G-7 (ou G-8, pois
hoje inclui também a Rússia) "já
não é um foro adequado", e o G-22
é grande demais. Sugeriu algum
número intermediário entre 8 e 22,
"para que as decisões possam ser
mais representativas".
À Folha, o presidente indicou 15
como o número talvez ideal para
compor tal foro.
Pela versão do encontro transmitida aos jornalistas pelo embaixador do Brasil em Londres, Rubens
Barbosa, Blair é receptivo à idéia.
É claro que a proposta de FHC visa inserir o Brasil nos organismos
que de fato decidem. Parece, mas
não é megalomania.
Há três anos, durante reunião do
G-7 em Lyon (França), o presidente francês Jacques Chirac, também
apoiou a ampliação do grupo, e
chegou a mencionar o Brasil entre
os que deveriam participar.
No encontro com Blair, FHC
apoiou, por sua vez, proposta britânica para a criação de um Foro
de Estabilidade Fiscal, recentemente endossada pelo FMI.
Trata-se, na essência, de um ponto de encontro no qual técnicos da
área econômica discutam meios de
tornar mais transparentes as operações financeiras internacionais,
os movimentos de capitais e as informações sobre o desempenho de
cada país.
Já aos empresários britânicos
com os quais se reunira antes, FHC
retomou antiga tese do mitológico
economista John Maynard Keynes
no sentido de se criar o verdadeiro
banco central dos bancos centrais.
Seria o organismo adequado,
achava Keynes e acha agora FHC,
para, por exemplo, injetar dinheiro na economia global, quando necessário, ou enxugá-lo, para evitar
inflação, quando preciso.
Todas essas idéias complementam preocupação de FHC desde
que tomou posse: o excesso de capitais que cruzam fronteiras todos
os dias (um volume avaliado pelo
BIS em impressionantes US$ 1,4
trilhão) é capaz de desestabilizar
qualquer economia.
Aliás, FHC defendeu, perante os
empresários, "algum tipo de controle internacional" sobre tais fluxos, mas não entrou em detalhes.
Enquanto os novos foros não se
materializam, o presidente brasileiro terá que se contentar com
uma instância puramente política:
foi convidado por Blair para participar em junho de uma reunião para discutir a "Terceira Via", um caminho intermediário entre o liberalismo puro e as antigas teorias
estatizantes da social-democracia.
Aceitou.
(CLÓVIS ROSSI)
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