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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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Nš 2 do FMI condena intervir no câmbio

DA REPORTAGEM LOCAL

Em encontro com empresários na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, defendeu ontem a livre flutuação do câmbio.
De acordo com o relato de Clarice Messer, diretora da Fiesp que estava presente na reunião, Krueger condenou uma intervenção governamental para frear a valorização do real.
"Há o entendimento por parte de Anne Krueger de que o real sofreu uma desvalorização excessiva no ano passado por conta das incertezas do período eleitoral. Ela disse que hoje é a hora de esperar e ver, porque estamos passando por um processo de reacomodação do câmbio."
Depois do encontro na Fiesp, Krueger almoçou com representantes de 12 bancos privados e públicos e outras 13 pessoas, entre membros de sua comitiva e representantes do governo federal, no São Paulo Clube.
Demonstrou duas preocupações: o baixo nível de crédito disponível no Brasil e a economia informal no país.
Perguntou a banqueiros presentes, entre eles Alfredo Setubal (presidente do Itaú), Geraldo Carbone (presidente do BankBoston), Fábio Barbosa (presidente do ABN Amro) e Antônio Bornia (vice-presidente do Bradesco), por que as instituições financeiras oferecem poucos financiamentos no país.
Ouviu explicações sobre o alto nível de inadimplência e a dificuldade de recuperar recursos não-pagos. A Folha apurou que Krueger sinalizou que o FMI está bastante interessado nos rumos do novo projeto da Lei de Falências. Um sinal de que o Fundo está monitorando o andamento das reformas estruturais no país.
Otaviano Canuto, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, que acompanhou Krueger durante o dia, disse que o objetivo da visita da nš 2 do FMI ao Brasil é ouvir a avaliação de empresários e acadêmicos sobre a economia.
Tanto Canuto quanto Messer negaram que a visita de Krueger tenha relação com a gestação de um novo acordo com o Brasil. "É uma visita de cortesia. Não houve menção a nenhum tema sobre extensão de acordo do Brasil com o FMI", afirmou Canuto.
"Krueger não falou sobre novos empréstimos, mas disse que entende que os fluxos de capital para o Brasil ainda são escassos e de curto prazo", disse Messer.
Antes de ir à Fiesp, Krueger esteve na FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), na USP. Foi acompanhada durante todo o dia por uma comitiva de sete pessoas, como o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo, Anoop Singh, e Murilo Portugal, diretor-executivo que representa o Brasil no FMI.
(CÍNTIA CARDOSO, ÉRICA FRAGA E SANDRA BALBI)

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