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Nš 2 do FMI condena intervir no câmbio
DA REPORTAGEM LOCAL
Em encontro com empresários
na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a vice-diretora-gerente do FMI, Anne
Krueger, defendeu ontem a livre
flutuação do câmbio.
De acordo com o relato de Clarice Messer, diretora da Fiesp que
estava presente na reunião, Krueger condenou uma intervenção
governamental para frear a valorização do real.
"Há o entendimento por parte
de Anne Krueger de que o real sofreu uma desvalorização excessiva no ano passado por conta das
incertezas do período eleitoral.
Ela disse que hoje é a hora de esperar e ver, porque estamos passando por um processo de reacomodação do câmbio."
Depois do encontro na Fiesp,
Krueger almoçou com representantes de 12 bancos privados e públicos e outras 13 pessoas, entre
membros de sua comitiva e representantes do governo federal, no
São Paulo Clube.
Demonstrou duas preocupações: o baixo nível de crédito disponível no Brasil e a economia informal no país.
Perguntou a banqueiros presentes, entre eles Alfredo Setubal
(presidente do Itaú), Geraldo Carbone (presidente do BankBoston), Fábio Barbosa (presidente
do ABN Amro) e Antônio Bornia
(vice-presidente do Bradesco),
por que as instituições financeiras
oferecem poucos financiamentos
no país.
Ouviu explicações sobre o alto
nível de inadimplência e a dificuldade de recuperar recursos não-pagos. A Folha apurou que Krueger sinalizou que o FMI está bastante interessado nos rumos do
novo projeto da Lei de Falências.
Um sinal de que o Fundo está monitorando o andamento das reformas estruturais no país.
Otaviano Canuto, secretário de
Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, que acompanhou Krueger durante o dia, disse
que o objetivo da visita da nš 2 do
FMI ao Brasil é ouvir a avaliação
de empresários e acadêmicos sobre a economia.
Tanto Canuto quanto Messer
negaram que a visita de Krueger
tenha relação com a gestação de
um novo acordo com o Brasil. "É
uma visita de cortesia. Não houve
menção a nenhum tema sobre extensão de acordo do Brasil com o
FMI", afirmou Canuto.
"Krueger não falou sobre novos
empréstimos, mas disse que entende que os fluxos de capital para
o Brasil ainda são escassos e de
curto prazo", disse Messer.
Antes de ir à Fiesp, Krueger esteve na FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), na USP. Foi acompanhada durante todo o dia por uma comitiva de sete pessoas, como o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo,
Anoop Singh, e Murilo Portugal,
diretor-executivo que representa
o Brasil no FMI.
(CÍNTIA CARDOSO, ÉRICA FRAGA E SANDRA BALBI)
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