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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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FREIO GLOBAL

Mas Schröder discorda do FMI, que vê deflação para o país neste ano

Alemanha prevê crescer ainda menos

MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

A Alemanha, maior economia da Europa e que tecnicamente enfrenta sua segunda recessão em dois anos, reviu sua previsão de crescimento para este ano, de 1% para 0,75%. Ao mesmo tempo, o governo diz não acreditar que o país caminha para uma deflação e fará um esforço com seus parceiros do G8 para promover medidas de fortalecimento da economia mundial.
O país começou o ano prevendo crescer 1,5% em 2003. Logo em janeiro, diante da perspectiva da invasão americana ao Iraque, reviu essa estimativa para 1%. Agora, trabalha com uma expectativa de que o PIB do país suba apenas 0,75% no ano -o que seria, porém, um avanço em relação à expansão de 0,2% no ano passado.
A culpa, segundo o governo alemão, é muito da situação mundial. "A economia teve um motor forte nos últimos anos, que eram os Estados Unidos, mas eles não estão mais tendo o desempenho desejado. Há muito o Japão atravessa dificuldades. É preciso promover uma ação coordenada para que esses países retomem o desenvolvimento e o crescimento de suas economias", disse Caio Koch-Weser, brasileiro (nasceu em Rolândia, no Paraná) que hoje ocupa o cargo de vice-ministro das Finanças da Alemanha.
Segundo ele, a reunião do G8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo, além da Rússia), no próximo mês, na França, vai discutir medidas que devem ser tomadas pelos seus membros para fortalecer a economia mundial.
"Ainda estamos num período de grandes incertezas, mas não vejo o risco de uma recessão global, e sim de um crescimento menor do que o esperado para este ano", disse. "Para mudar isso, precisamos de uma melhor performance dos países mais ricos."
Segundo ele, é importante que os países europeus desenvolvam reformas no setor de Previdência, de direitos trabalhistas e de tributos. Outra preocupação é com a reforma do sistema financeiro japonês, afastando concretamente o risco de quebradeira de instituições bancárias.
"E que os Estados Unidos balanceiem suas contas externas e fiscais. O corte de impostos que eles pretendem fazer precisa ser sustentável a médio prazo."

Schröder
Ao mesmo tempo em que o vice-ministro diz não acreditar numa queda conjunta das principais economias do mundo, o primeiro-ministro Gerhard Schröder dizia não concordar com os termos do comunicado do FMI (Fundo Monetário Internacional), que alertava para a possibilidade de a Alemanha viver uma deflação neste ano.
Schröder, segundo as TVs da Alemanha, conversou com o seu conselheiro econômico, Wolfgang Wiegard, e classificou o comunicado do FMI de "exagerado", dizendo não ver risco de deflação para o país. A inflação alemã em abril foi negativa em 0,3% em abril (na comparação com março). Em 12 meses, o índice acumula alta de apenas 1%. Para termos de comparação, a inflação dos países da zona do euro no mesmo período foi de 2,1%.


O jornalista Marcelo Diego viaja a convite da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha e do governo alemão


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