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ECONOMIA "INVISÍVEL"
Perfil predominante inclui idade superior a 40 anos e menos de oito anos de estudo
Homens formam maioria e ganham mais que mulheres
DA SUCURSAL DO RIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
Homem, trabalhador por conta
própria, com menos de oito anos
de estudo e idade superior a 40
anos. Esse é o perfil dos trabalhadores da economia informal, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Entre os "conta-própria" do setor informal, 65% eram homens
em 2003. Eles representavam 73%
dos empregadores. Apenas em
uma categoria, justamente a mais
desprotegida, é que as mulheres
tinham maioria: 64% dos trabalhadores não-remunerados eram
do sexo feminino. É que boa parte
das mulheres acompanha seus
maridos como auxiliares sem salário, ajudando na preparação de
pratos, no atendimento a clientes
e em outras atividades.
Do total de pessoas ocupadas
em empresas informais, 36% tinham o ensino fundamental incompleto. A maior parcela dos
empregadores era homem e mais
velha -49% estavam na faixa de
40 a 59 anos, de acordo com o
IBGE. E 30% já eram donos do negócio havia pelo menos dez anos.
A diferença de renda também
revela a desigualdade do mercado
informal. Não bastasse serem a
maior parte dos sem-remuneração, as mulheres que tinham salário ganhavam menos: R$ 424 para
as que trabalhavam por conta
própria e R$ 1.341 para as empregadoras, contra R$ 727 e R$ 1.701,
respectivamente, dos homens.
De 1997 a 2003, a renda das mulheres caiu 6,4%, para as trabalhadoras por conta própria, e 10,1%,
no das empregadoras. Os homens, porém, perderam mais. O
rendimento médio deles cedeu
14,8% entre os "conta-própria" e
11,1% entre os empregadores no
mesmo período. Em 2003, os homens donos de negócios com ao
menos um funcionário assalariado recebiam, em média, R$ 1.341.
Camelô há dez anos, Antonio
Cabral, 46, tem uma barraca no
centro do Rio e se encaixa no perfil do trabalhador do setor, mas
tem licença da prefeitura. Ele diz
ganhar cerca de R$ 700 por mês.
Em sua barraca montada na
movimentada rua da Quitanda,
no centro do Rio, vende pequenos
artigos eletrônicos, como rádios,
calculadoras e gravadores.
"Antes eu fugia do rapa, da polícia. Nem sempre ficava no mesmo lugar. Agora isso é tudo regularizado", afirma Cabral. Ex-caixa
de banco por 15 anos, ele não quer
voltar ao mercado formal.
Há quatro anos na informalidade, o ex-gari Bartolomeu Rodrigues, 42, espera oportunidade de
trabalho com carteira assinada.
Vendedor de biscoito e bebidas
na praia de Ipanema, Rodrigues
ganha de R$ 300 a R$ 700 por mês,
dependendo da época do ano.
Ele está em sua segunda ocupação informal. Primeiro, arrendou
um bar no Catumbi, na zona norte, onde mora. Trabalhava sozinho, mas não conseguia dinheiro
suficiente para manter os dois filhos pequenos e pagar o aluguel
do estabelecimento. Foi quando
decidiu tentar a sorte na praia.
(PEDRO SOARES e CATHARINA EPPRECHT)
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