São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2005

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ECONOMIA "INVISÍVEL"

Perfil predominante inclui idade superior a 40 anos e menos de oito anos de estudo

Homens formam maioria e ganham mais que mulheres

DA SUCURSAL DO RIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

Homem, trabalhador por conta própria, com menos de oito anos de estudo e idade superior a 40 anos. Esse é o perfil dos trabalhadores da economia informal, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Entre os "conta-própria" do setor informal, 65% eram homens em 2003. Eles representavam 73% dos empregadores. Apenas em uma categoria, justamente a mais desprotegida, é que as mulheres tinham maioria: 64% dos trabalhadores não-remunerados eram do sexo feminino. É que boa parte das mulheres acompanha seus maridos como auxiliares sem salário, ajudando na preparação de pratos, no atendimento a clientes e em outras atividades.
Do total de pessoas ocupadas em empresas informais, 36% tinham o ensino fundamental incompleto. A maior parcela dos empregadores era homem e mais velha -49% estavam na faixa de 40 a 59 anos, de acordo com o IBGE. E 30% já eram donos do negócio havia pelo menos dez anos.
A diferença de renda também revela a desigualdade do mercado informal. Não bastasse serem a maior parte dos sem-remuneração, as mulheres que tinham salário ganhavam menos: R$ 424 para as que trabalhavam por conta própria e R$ 1.341 para as empregadoras, contra R$ 727 e R$ 1.701, respectivamente, dos homens.
De 1997 a 2003, a renda das mulheres caiu 6,4%, para as trabalhadoras por conta própria, e 10,1%, no das empregadoras. Os homens, porém, perderam mais. O rendimento médio deles cedeu 14,8% entre os "conta-própria" e 11,1% entre os empregadores no mesmo período. Em 2003, os homens donos de negócios com ao menos um funcionário assalariado recebiam, em média, R$ 1.341.
Camelô há dez anos, Antonio Cabral, 46, tem uma barraca no centro do Rio e se encaixa no perfil do trabalhador do setor, mas tem licença da prefeitura. Ele diz ganhar cerca de R$ 700 por mês.
Em sua barraca montada na movimentada rua da Quitanda, no centro do Rio, vende pequenos artigos eletrônicos, como rádios, calculadoras e gravadores.
"Antes eu fugia do rapa, da polícia. Nem sempre ficava no mesmo lugar. Agora isso é tudo regularizado", afirma Cabral. Ex-caixa de banco por 15 anos, ele não quer voltar ao mercado formal.
Há quatro anos na informalidade, o ex-gari Bartolomeu Rodrigues, 42, espera oportunidade de trabalho com carteira assinada. Vendedor de biscoito e bebidas na praia de Ipanema, Rodrigues ganha de R$ 300 a R$ 700 por mês, dependendo da época do ano.
Ele está em sua segunda ocupação informal. Primeiro, arrendou um bar no Catumbi, na zona norte, onde mora. Trabalhava sozinho, mas não conseguia dinheiro suficiente para manter os dois filhos pequenos e pagar o aluguel do estabelecimento. Foi quando decidiu tentar a sorte na praia. (PEDRO SOARES e CATHARINA EPPRECHT)

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