São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2005

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Após Copom, dólar atinge novo piso

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) não foi considerada uma surpresa. Mesmo assim, o mercado financeiro reagiu à nova elevação da taxa básica de juros, que foi aos 19,75% anuais. A Bovespa perdeu 0,28%. O dólar caiu a seu menor valor em três anos.
A decisão do Copom movimentou especialmente o mercado de juros futuros da BM&F, onde as taxas tiveram alta generalizada. O número de contratos DI -que seguem as taxas interbancárias- negociados no pregão de ontem alcançou os 753 mil, cifra 46% maior que o dia anterior. No pregão de quarta-feira, havia crescido o número de investidores que apostavam na manutenção da Selic. No contrato mais negociado, o DI com resgate na virada do ano, a taxa foi de 19,40% para 19,60%.
O dólar recuou 0,49% e fechou a R$ 2,448, menor valor desde maio de 2002. Com taxas de juros mais altas no país, ganha força a tese de que pode aumentar a entrada de capital especulativo estrangeiro -movimento que amplia a oferta de moeda e, conseqüentemente, derruba a cotação do dólar.
A divulgação da segunda prévia de maio do IGP-M, que registrou deflação de 0,09%, não foi suficiente para animar o mercado.
Segundo análise feita pela LCA Consultores, o IGP-M pode encerrar maio próximo de variação zero. "Mas os índices devem acelerar em junho e julho, pressionados sobretudo pelos impactos da entressafra", avalia a consultoria.
Mais uma elevação da taxa Selic foi interpretada por analistas como sinal de que o BC realmente está mais preocupado com a meta de inflação do que com a taxa de câmbio. "Como esperamos uma queda significativa da inflação em maio, entendemos que, salvo uma alteração drástica dos cenários, o BC deve interromper a alta da Selic no próximo mês", afirma Silvio Campos Neto, economista do banco Schahin.
Sem sinais de que o BC voltará a atuar no mercado, a moeda americana pode recuar ainda mais, avaliam analistas. O Ibovespa chegou a perder 1,48%. A ação preferencial da Tele Leste Celular foi a que mais caiu (-7,84%).

Dívida pública
O aumento de juros decidido anteontem pelo Banco Central terá um impacto de aproximadamente R$ 1,3 bilhão na dívida pública ao longo dos próximos 12 meses -caso os juros não sejam alterados nesse período.
O impacto da Selic na dívida é forte porque a maior parte dos títulos públicos emitidos pelo governo federal é atrelada diretamente a essa taxa. Segundo dados do Tesouro Nacional, os papéis do governo em circulação no mercado somavam R$ 873,83 bilhões no mês passado. Desse total, R$ 511,18 bilhões -ou 58,5%- são corrigidos pela Selic.
(FABRICIO VIEIRA)


Colaborou a Sucursal de Brasília

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