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FINANÇAS
Ministro diz que pacote deve ser lançado em algumas semanas e que não trará medidas milagrosas ou heterodoxas
Mantega quer urgência em mudança cambial
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central e o Ministério
da Fazenda se uniram ontem para
defender mudanças no câmbio. O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo está
"preocupado" com a valorização
cambial. Diante disso, "o mais rápido possível", provavelmente já
nas próximas semanas, será lançado um conjunto de medidas para flexibilizar a legislação.
Já Henrique Meirelles, presidente do BC, disse que a legislação
cambial está ultrapassada e também defendeu mudanças, mas
sem deixar de defender os juros
atuais (leia texto na pág. B4).
Mantega conferiu um tom de
urgência para a entrada em vigor
de instrumentos mais eficientes
para controlar a valorização cambial, não descartando a edição de
uma medida provisória para agilizar o processo.
Mas o ministro não quis dar caráter miraculoso ao pacote. "Não
estamos buscando mágicas ou
milagres ou medidas de caráter
heterodoxo como aquelas que foram praticadas no passado. Sempre fui adepto do câmbio flexível", disse, após encontro com
empresários na sede Fiesp.
No rol de propostas na mesa do
ministro, a reforma da cobertura
cambial. Pela legislação atual, os
exportadores têm um prazo de
210 dias para que convertam para
reais a receita em dólar proveniente da exportação. O governo
estuda a ampliação do prazo para
efetuar essa operação. As empresas com altos fluxos de importação e de exportação, disse Mantega, seriam beneficiadas.
A lei em vigor que trata da cobertura cambial foi criada na Era
Vargas (anos 1930), quando o cenário da economia brasileira era
muito diferente. À época, o objetivo era atrair moeda forte para o
país antecipando as entradas de
divisas e retardando a sua saída.
Segundo Mantega, estão também em estudo "maneiras que
posterguem o fechamento dos
contratos de câmbio e maneiras
de permitir o financiamento da
exportação sem que o exportador
que fecha o contrato de câmbio se
apresse para fazer isso".
Na avaliação de Mantega, essas
ações que estão sob análise serviriam para conter a forte entrada
de dólares e, com isso, amenizariam o processo atual de valorização do real. De acordo com o ministro, parte do problema cambial
provém do dinamismo do setor
exportador. "Nunca houve tanta
oferta de dólar."
Atualmente, tramita no Congresso um projeto de lei de reforma cambial baseado num conjunto de propostas da Fiesp. Entre
as medidas no documento, está a
criação de contas correntes denominadas em dólares no Brasil para empresas de comércio exterior.
A Fiesp argumenta que a grande
maioria de países desenvolvidos e
emergentes adota esse mecanismo. Mantega, entretanto, declarou-se contrário. "Discordo da
existência de dois regimes monetários no país." Ainda sobre esse
projeto de lei, o ministro afirmou
que ele "não atende às necessidades, pois é muito amplo".
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