São Paulo, sábado, 20 de maio de 2006

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Setor elétrico afeta conta de investimentos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os investimentos estrangeiros na produção do país somaram US$ 790 milhões no mês passado -resultado que retrata queda forte em relação ao mesmo mês do ano passado (74%) e em relação ao mês de março (51%).
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, o resultado é o pior desde setembro do ano passado e foi influenciado pela retirada de investimentos estrangeiros no setor elétrico.
Segundo Lopes, até o último dia 16 deste mês, os investimentos estrangeiros em maio somavam aproximadamente US$ 760 milhões. A perspectiva para o fechamento do mês é de investimentos da ordem de US$ 1,4 bilhão.
Nos quatro primeiros meses do ano, os investimentos diretos no país chegaram a US$ 4,748 bilhões, 26,7% a menos do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Para o fechamento do ano, o Banco Central trabalha com a previsão de US$ 18 bilhões de investimento estrangeiro no país. A previsão, a mesma do mês de março, não foi alterada mesmo após o mau desempenho de abril.

Elétricas
A saída de investidores estrangeiros do setor elétrico é contabilizada como "retorno de investimento estrangeiro direto". No total, no mês de abril, o retorno de investimento soma cerca de US$ 742 milhões, sendo US$ 630 milhões (85%) relativos ao segmento de eletricidade.
O técnico do Banco Central não citou os casos específicos no setor, mas disse que eles foram "amplamente noticiados". Os mais recentes são a compra da distribuidora Light pela Cemig e a pulverização de ações da distribuidora Cemar, do Maranhão.
A Light, distribuidora de energia que atende à região metropolitana do Rio de Janeiro, era controlada pela empresa francesa EDF e foi vendida para um consórcio formado por Cemig (distribuidora e geradora estatal do governo de Minas Gerais), Andrade Gutierrez e Pactual Energia por US$ 319,81 milhões.
Já a Cemar, distribuidora de energia do Maranhão, era controlada pelo fundo GP (onde estavam alguns investidores estrangeiros). As ações da empresa foram pulverizadas em Bolsa e, com isso, a participação de investimento estrangeiro diminuiu.
A Light foi privatizada em 1996. Entrou em crise com a desvalorização cambial de 1999 e com a redução de consumo causada pelo racionamento de energia (junho de 2001 a fevereiro de 2002), além de problemas de má gestão.
Já a Cemar havia sido comprada por um grupo norte-americano que abandonou a companhia por conta dos prejuízos causados com o racionamento. A empresa teve de passar por um processo de intervenção da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) até que se encontrassem novos interessados.


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