São Paulo, sábado, 20 de maio de 2006

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RECEITA ORTODOXA

Superávit nas transações do país com o mundo tem queda de 40% até abril em relação ao mesmo período de 2005

Câmbio reduz resultado das contas externas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O saldo das transações de bens e serviços do Brasil com o resto do mundo caiu em abril e no primeiro quadrimestre do ano, em conseqüência da valorização do real em relação ao dólar.
O superávit nas chamadas transações correntes -cujos componentes principais são balança comercial, pagamento de juros, remessas de lucros e turismo- ficou em US$ 241 milhões no mês passado, 66,3% inferior ao de abril de 2005. Nos quatro primeiros meses do ano, o saldo é de US$ 2,031 bilhões, 39,9% a menos do que no mesmo período de 2005.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, a projeção para o saldo das transações correntes em maio é de US$ 600 milhões.
Em abril, foi remetido US$ 1,623 bilhão em lucros e dividendos para o exterior, contra um recebimento de US$ 23 milhões, gerando um saldo negativo (déficit) de US$ 1,609 bilhão, 25,3% maior que o déficit do mesmo mês no ano passado. Nos quatro primeiros meses do ano, o saldo negativo da remessa de lucros e dividendos está em US$ 5,217 bilhões, 42,3% maior do que o do mesmo período do ano passado.
Até o último dia 16, o saldo das remessas de lucros e dividendos para o exterior em maio estava negativo em US$ 1,149 bilhão. Para o fechamento do ano, a projeção é de déficit de US$ 13 bilhões.
O aumento da remessa de lucros e dividendos para o exterior pode ser explicado, parcialmente, pela queda da cotação do dólar no Brasil. Como o real consegue comprar uma quantidade maior de dólares, algumas empresas aproveitam a situação para comprar mais dólares e antecipar suas remessas, para aproveitar o momento favorável do câmbio. Além da questão cambial, há o aumento da rentabilidade das empresas.
Na avaliação do técnico do BC, o volume alto de remessas de lucros para o exterior pode ser explicado pela sazonalidade. "No primeiro semestre, as empresas fecham os balanços [do ano anterior] e remetem os lucros", explicou. De acordo com esse raciocínio, o volume de remessas tende a cair nos próximos meses, até o final do ano. Ainda assim, segundo avaliação de Lopes, as remessas ao exterior tendem a ser maiores do que as registradas em 2005.
O dólar em baixa também afeta outros aspectos do saldo das transações correntes, fazendo com que outros itens da conta tenham resultado negativo, como a balança de serviços (frete de mercadorias negociadas com outros países, aluguel de equipamentos estrangeiros, gastos com viagens internacionais).

Dívida externa
Apesar do superávit nas transações correntes, o país perdeu divisas em abril em razão das operações da conta de capital -as não-relacionadas a bens e serviços.
O resultado total do balanço de pagamentos, que inclui, além das transações correntes, os investimentos e empréstimos, ficou negativo em US$ 3,8 bilhões. De acordo com o Banco Central, a conta foi influenciada pelo resgate de "bradies" (títulos de dívida externa) no valor de US$ 6,5 bilhões.
A dívida externa total estimada para abril é de US$ 161,862 bilhões, 3,8% menor que em março. Segundo Altamir Lopes, esse valor é o menor registrado desde dezembro de 1995, quando o total era de US$ 153 bilhões.


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