|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FINANÇAS
Operações de crédito consignado vão ter limite a ser definido pelo governo; objetivo é evitar abusos de alguns bancos
Juro de empréstimo a aposentados terá teto
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai fixar um teto para
os juros cobrados dos aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
nas operações de crédito consignado. A decisão foi tomada ontem após as centrais sindicais encaminharem ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva uma carta reclamando de "abuso" nas taxas
praticadas pelos bancos.
"O setor é livre para praticar as
taxas que quiser. Mas, para os
bancos que têm convênio do crédito consignado, em que a Previdência dá a garantia do empréstimo, nós podemos, sim, estabelecer regras", afirmou o ministro da
Previdência, Nelson Machado,
depois de encontro com o colega
Luiz Marinho (Trabalho) e representantes das centrais sindicais.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirmou que não
vai se manifestar sobre a decisão
do governo até receber o comunicado oficial.
"As centrais entregaram uma
carta ao presidente pedindo que o
governo pudesse olhar a questão
do abuso cometido pelas instituições financeiras no crédito consignado", relatou Marinho.
Ele adiantou que, na próxima
semana, o governo vai se reunir
com dirigentes dos 35 bancos que
atualmente têm convênio com o
INSS para realizar as operações de
empréstimo com desconto em folha de pagamento.
Grandes diferenças
Na avaliação do governo, as taxas de juros oferecidas pelos bancos aos aposentados apresentam
uma disparidade muito grande.
"Há uma grande variação. Não
está havendo uma competição
perfeita. Percebemos que, infelizmente, as taxas não estão declinando e é preciso ter um patamar
mais baixo", disse Machado.
O ministro não soube dizer que
teto o governo pretende aplicar,
mas já deixou claro que os bancos
que se recusarem a seguir a nova
regra ficarão de fora dos convênios. Para os contratos já assinados entre instituições financeiras
e aposentados, esclareceu Machado, nada muda.
Atualmente, os bancos são obrigados a divulgar as taxas de juros
praticadas e informar eventuais
alterações com, no mínimo, cinco
dias de antecedência ao INSS.
Além disso, estão proibidos de cobrar a TAC (Taxa de Abertura de
Crédito).
Os aposentados são livres para
escolher a instituição na qual contratar o empréstimo. Não é necessário que tomem os recursos nos
bancos onde recebem o benefício.
Maiores e menores
De acordo com o Ministério da
Previdência, os juros mais baixos
para empréstimos com prazo de
pagamento de 36 meses (limite
máximo) são cobrados pelo
HSBC (2,6% ao mês, ou 36,07%
ao ano), Banco do Brasil (2,7% ao
mês ou 37,67% ao ano) e Caixa
Econômica Federal (2,8% ao mês
ou 39,29% ao ano).
As instituições com as maiores
taxas são GE Capital (3,99% ao
mês ou 59,92% ao ano), Votorantim (3,98% ao mês ou 59,73% ao
ano) e Máxima (3,9 ao mês ou
58,27% ao ano).
O presidente do Sindicato dos
Aposentados da CUT (Central
Única dos Trabalhadores), Wilson Ribeiro, disse que a orientação para os aposentados e pensionistas é esperar o final das negociações entre governo, centrais e
bancos para contratar novas operações com desconto em folha. "É
para todo mundo aguardar."
O ministro da Previdência estima que o teto dos juros para os
aposentados deva ser fixado até o
dia 31, quando o CNPS (Conselho
Nacional de Previdência Social)
deverá se reunir.
O órgão quadripartite (governo,
trabalhadores, aposentados e empresas) faz parte da estrutura do
ministério e tem como finalidade
deliberar sobre a política de Previdência Social e sobre a gestão do
sistema previdenciário.
Texto Anterior: Crise no campo: Bloqueios de rodovias continuam apesar dos apelos de lideranças Próximo Texto: Especialista concorda com medida Índice
|