São Paulo, sábado, 20 de maio de 2006

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COMÉRCIO

Em troca, bloco pede concessões ao Brasil e à Índia, como a redução do teto para taxa de bens industrializados

UE sinaliza cortes maiores em tarifa agrícola

DO "FINANCIAL TIMES"

A União Européia sinalizou ontem sua disposição de oferecer cortes mais elevados nas tarifas agrícolas, nas tortuosas negociações da Rodada Doha de comércio internacional. Entretanto, continuou a insistir em que essa decisão precisa ser equiparada por concessões em outras áreas.
A oferta atual da União Européia é reduzir as tarifas agrícolas em aproximadamente 39% e isentar até 8% das tarifas de qualquer corte, oferecendo em lugar disso novas e limitadas cotas de importações.
O Grupo dos 20 (G20) países em desenvolvimento, liderado pelo Brasil, solicitou redução média de 54%, e os Estados Unidos querem corte de 66%.
Um porta-voz de Peter Mandelson, o comissário da UE para o comércio internacional, respondendo a reportagens de que Bruxelas estava oferecendo um corte de por volta de 50% em sua tarifa agrícola média, confirmou que a organização consideraria "avançar em direção a, mas certamente sem atingir" um corte de 54%.
Ele também insistiu em que essa nova oferta dependia de concessões de outros importantes participantes, entre as quais um teto muito mais baixo para as tarifas sobre bens industrializados do que os 30% que Brasil e Índia estão propondo no momento.
Os Estados Unidos e a União Européia haviam solicitado teto tarifário de 15%, mas observadores familiarizados com as negociações sugeriram que os europeus podem estar dispostos a elevar esse limite em dois ou três pontos percentuais.
Um bloco de países da União Européia, liderado pela França, enfatizou que o bloco não deveria sinalizar novas reduções em suas tarifas agrícolas ou subsídios sem obter concessões substanciais em outras áreas.
Daniel Kapp, porta-voz do Ministério da Agricultura da Áustria, disse ontem que "os países-membros se surpreenderiam muito caso surja uma nova proposta da União Européia. A maior parte dos membros expressa grave preocupação quanto a isso".
O escritório do governo norte-americano para assuntos de comércio internacional não comentou diretamente as indicações européias, ontem, mas uma proposta como a mencionada ficaria aquém do que os norte-americanos demandam. No final do mês passado, Rob Portman, que estava encerrando seu mandato como representante comercial de Washington, reiterou a já antiga solicitação de que a União Européia aceite cortes de entre 54% e 66% e que isente apenas 1% de suas tarifas do corte geral.
"É preciso existir uma fórmula mundial que de fato promova ampliação do comércio", disse Portman em 25 de abril. "Isso é tudo que solicitamos."
Susan Schwab, indicada pela Casa Branca para substituir Portman, foi informada por um poderoso comitê do Legislativo norte-americano, no começo da semana, de que reduzir demandas por cortes profundos de tarifa, tanto diante dos países ricos quanto dos emergentes, era inaceitável.
Charles Grassley, senador republicano por Iowa e presidente do Comitê de Finanças do Senado, que responde pela política comercial naquela casa, disse a Schwab que, "se o plano alternativo é uma abordagem minimalista, não me apresente esse plano".
Os negociadores dos países-membros da OMC (Organização Mundial do Comércio) intensificaram seus esforços para chegar a um acordo sobre cortes nas tarifas sobre bens industrializados e agrícolas, mas funcionários presentes às negociações, em Genebra, dizem que, embora todas as partes estejam ativamente envolvidas nas discussões, continua a existir substancial disparidade entre as propostas, tanto para os produtos agrícolas quanto para os industriais.


Tradução de Paulo Migliacci


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