São Paulo, quarta, 20 de maio de 1998

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TRANSPORTES
Trabalhadores protestam contra decisão de tribunal na BA
Operação-padrão reduz ritmo de trabalho em todos os portos

FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

Trabalhadores de todos os portos brasileiros iniciaram ontem uma operação-padrão para reduzir a velocidade da movimentação de cargas nos navios, informou a Federação Nacional dos Portuários.
A operação é um protesto contra decisão do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) na Bahia, que retirou dos sindicatos de portuários do Estado e concedeu ao Ogmo (Órgão Gestor da Mão-de-Obra) o direito de escalar os trabalhadores e determinar o número de homens de cada turma.
O presidente da Federação Nacional dos Portuários, José Peres César, afirmou ontem que as três federações nacionais de trabalhadores dos portos (portuários, estivadores e avulsos) estão ingressando no TST (Tribunal Superior do Trabalho) com um pedido de efeito suspensivo da decisão.
Os trabalhadores temem que a sentença da Bahia motive decisões semelhantes em outras partes do país. "Se aconteceu lá (na Bahia), pode acontecer em todo o Brasil. Isso temos claro", afirmou Peres César.
Segundo ele, a operação-padrão foi deflagrada nos 42 portos marítimos e fluviais brasileiros, que reúnem 45 mil trabalhadores, com prazo indeterminado.
"Há cem anos fazemos a escalação. Sabemos quem é especializado e quem não é, e não discriminamos o trabalhador. A escalação do Ogmo não tem regras, não sabemos como vai ser feita", declarou o sindicalista.
No porto de Santos (SP), o maior do país, o movimento começou às 7h de ontem. Havia 26 navios atracados e outros 16 na barra à espera de autorização para atracar.
A velocidade da movimentação de carga na operação-padrão é menor porque os portuários vão aplicar com rigor as normas de segurança do trabalho indicadas pela legislação, informou Antonio do Pinho, diretor do Sindicato dos Estivadores de Santos.
Segundo a Codesp (administradora do porto) e o Sopesp (sindicato das empresas operadoras), o movimento de cargas em Santos não sofreu alteração ontem, apesar da operação-padrão.
"Os navios estão operando com regularidade. Ainda não deu para sentir os reflexos disso", afirmou José Manuel da Silva, vice-presidente do Sopesp.
Os portuários dizem que houve casos de navios em que, em vez de embarcar 30 contêineres, foram embarcados só três.



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