São Paulo, quarta, 20 de maio de 1998

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Investidor teme Rússia

RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local

Bancos brasileiros que investem na Rússia estão preocupados com a crise e seus efeitos sobre o Brasil. O banco Matrix aplicava recursos próprios na Rússia, mas tirou o dinheiro de lá há algumas semanas.
"Depois da crise da Ásia, a Rússia ficou mais vulnerável. A previsão do mercado financeiro de que seria a "bola da vez' está se confirmando", diz Roberto Ruhman, sócio do Matrix.
Diretores do Bozano,Simonsen também estão acompanhando de perto a crise russa. No final do ano passado, o banco abriu um escritório em Londres para cuidar de investimentos no Leste Europeu, especialmente na Rússia.
"O futuro da Rússia está nas mãos dos investidores. Se eles saírem agora, vão deixar a Rússia sem caixa", diz Rondon Pinto, responsável pelo escritório.
O medo é de que a Rússia não consiga honrar sua dívida, de US$ 60 bilhões. Um terço está nas mãos de estrangeiros, cada vez mais nervosos com a instabilidade econômica dos países em desenvolvimento.
"A crise foi deflagrada pelo nervosismo dos investidores. Eles temem que a Rússia não consiga cumprir a meta de reduzir o déficit público de 7% para 5% do PIB e equilibrar suas finanças", diz Rondon.
O problema piorou com a queda no preço do petróleo, responsável por um terço da economia. Graças à venda do óleo, a Rússia tinha superávit nas contas externas, mas esse ano deve ter déficit de 1% do PIB.
Os investidores fazem três apostas para aliviar o sufoco: um empréstimo de US$ 700 milhões do FMI, a aprovação de um novo pacote para melhorar a cobrança de impostos e a privatização de companhias de petróleo e telefonia.
Para o Brasil, a crise russa é má notícia. "A situação brasileira é melhor do que a russa, mas há uma desconfiança com os países emergentes. Se houver crise, os investidores podem vender papéis brasileiros para cobrir prejuízos em outros países", diz Rhuman.



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