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Noruega realizará simpósio
do enviado especial
O primeiro-ministro da Noruega, Kjell Magne Bondevik,
anunciou ontem que seu país
vai organizar, no início do próximo ano, um simpósio internacional sobre os efeitos da
globalização.
"É nossa pretensão que tal
conferência possa nos fornecer
não apenas um melhor entendimento dos temas em discussão, mas também contribuir
para construir um consenso
em torno de como deveríamos
lidar com eles."
O anúncio de Bondevik, feito
em discurso na sessão comemorativa do 50º aniversário do
sistema internacional de comércio, é a mais clara confissão de que nem os líderes planetários estão entendendo direito o fenômeno da globalização e, por extensão, como tratar dele.
Em fevereiro, a propósito, a
antecessora de Bondevik, Harlem Gro-Brundtland, hoje diretora-geral da Organização
Mundial de Saúde, já havia dito
coisa parecida ao resumir os
resultados do encontro informal de líderes mundiais realizado no âmbito do Fórum Econômico Mundial, em Davos
(também na Suíça).
A proposta de Bondevik parte do princípio de que as inquietações com a globalização
não devem ser minimizadas
pelos governos.
Citou como "preocupações
legítimas" os temores de muitas pessoas "de que nossas instituições democráticas estejam
perdendo o controle das forças
econômicas internacionais e
de que os custos ambientais e
sociais (da globalização) serão
altos".
Inquietações
As comemorações do cinquentenário do sistema internacional de comércio acabaram por se transformar no palco para cenas explícitas de
"preocupações legítimas"
com o processo de globalização.
É razoável supor que as inquietações tenham crescido
em consequência dos conflitos
do fim de semana em Genebra.
Nem tanto pelas suas dimensões, mas principalmente pela
violência extrema, ainda mais
em uma cidade mansa e pacata
como Genebra.
Os incidentes introduziram
um elemento incômodo no
que o ex-ministro Rubens Ricupero batizou, em seu artigo
de sábado para a Folha, de
"festa dos príncipes".
Tanto é assim que o príncipe
dos príncipes, o presidente
norte-americano Bill Clinton,
admitiu em seu discurso de segunda-feira que o processo de
globalização não tem apenas
benefícios.
"Contém também as sementes de novos distúrbios, novas
instabilidades, novas iniquidades, novas ameaças à economia global".
O presidente Fernando Henrique Cardoso também diz que
não gosta da globalização. Assim que chegou a Genebra na
segunda-feira, procedente de
Madri, o presidente explicou
seu ponto de vista.
Segundo ele, com a globalização "você perde uma porção de graus de liberdade na
política dos países".
(CR)
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