São Paulo, quarta, 20 de maio de 1998

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Noruega realizará simpósio

do enviado especial

O primeiro-ministro da Noruega, Kjell Magne Bondevik, anunciou ontem que seu país vai organizar, no início do próximo ano, um simpósio internacional sobre os efeitos da globalização.
"É nossa pretensão que tal conferência possa nos fornecer não apenas um melhor entendimento dos temas em discussão, mas também contribuir para construir um consenso em torno de como deveríamos lidar com eles."
O anúncio de Bondevik, feito em discurso na sessão comemorativa do 50º aniversário do sistema internacional de comércio, é a mais clara confissão de que nem os líderes planetários estão entendendo direito o fenômeno da globalização e, por extensão, como tratar dele.
Em fevereiro, a propósito, a antecessora de Bondevik, Harlem Gro-Brundtland, hoje diretora-geral da Organização Mundial de Saúde, já havia dito coisa parecida ao resumir os resultados do encontro informal de líderes mundiais realizado no âmbito do Fórum Econômico Mundial, em Davos (também na Suíça).
A proposta de Bondevik parte do princípio de que as inquietações com a globalização não devem ser minimizadas pelos governos.
Citou como "preocupações legítimas" os temores de muitas pessoas "de que nossas instituições democráticas estejam perdendo o controle das forças econômicas internacionais e de que os custos ambientais e sociais (da globalização) serão altos".
Inquietações
As comemorações do cinquentenário do sistema internacional de comércio acabaram por se transformar no palco para cenas explícitas de "preocupações legítimas" com o processo de globalização.
É razoável supor que as inquietações tenham crescido em consequência dos conflitos do fim de semana em Genebra. Nem tanto pelas suas dimensões, mas principalmente pela violência extrema, ainda mais em uma cidade mansa e pacata como Genebra.
Os incidentes introduziram um elemento incômodo no que o ex-ministro Rubens Ricupero batizou, em seu artigo de sábado para a Folha, de "festa dos príncipes".
Tanto é assim que o príncipe dos príncipes, o presidente norte-americano Bill Clinton, admitiu em seu discurso de segunda-feira que o processo de globalização não tem apenas benefícios.
"Contém também as sementes de novos distúrbios, novas instabilidades, novas iniquidades, novas ameaças à economia global".
O presidente Fernando Henrique Cardoso também diz que não gosta da globalização. Assim que chegou a Genebra na segunda-feira, procedente de Madri, o presidente explicou seu ponto de vista.
Segundo ele, com a globalização "você perde uma porção de graus de liberdade na política dos países". (CR)



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