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VIZINHO EM CRISE
Bolsa argentina segue reação de Nova York, e índice Merval desaba 4,6%; risco-país continua elevado
Wall Street aposta forte na desvalorização
DA REDAÇÃO
De pouco adiantou o apoio dos
empresários locais. Quando os
mercados argentinos reabriram
ontem, o índice Merval, da Bolsa
de Buenos Aires, despencou. Chegou a bater nos 5% de desvalorização logo depois da abertura dos
negócios, mas fechou com recuo
de 4,6%%.
Ontem foi o primeiro dia útil
depois do anúncio, na sexta-feira,
das mudanças no câmbio (na segunda-feira a Bolsa permaneceu
fechada, devido a um feriado nacional). Os investidores internacionais continuaram apostando
forte na desvalorização do peso
em relação ao dólar.
O risco-país (sobretaxa paga para obtenção de empréstimos em
relação ao que pagam os EUA) recuou para 986 pontos, depois de
chegar a 1.001 na segunda. Mas o
índice permanece bastante alto,
cerca de 150 pontos acima do brasileiro e 700 do mexicano.
Para o ministro da Economia,
Domingo Cavallo, os investidores
não entenderam o plano. Mas os
analistas dizem que o entenderam
muito bem e temem que ele seja
apenas um prenúncio da desvalorização do peso.
"Os mercados não gostam de
notícias inesperadas, quem vieram a se somar ao ceticismo que
existe sobre a argentina", afirmou
o economista-chefe para mercados emergentes do ABN Amro,
Arturo Porzecanski. "Ante um
novo anúncio, seja bom, mau ou
regular, a primeira reação é vender, depois se fazem perguntas."
Segundo Porzecanski, um dos
analistas mais ouvidos de Wall
Street, se o mercado perceber que
os argentinos não estejam retirando dinheiro dos bancos para trocar pesos por dólares, a confiança
pode ser restabelecida. "Mas se os
argentinos perderem a fé, Deus
nos livre", afirmou.
"Num aspecto local, as medidas
podem estimular a economia. O
problema é que elas criam mais
incertezas num ambiente que já
está muito tenso", afirmou Juan
Plett, da corretora Mackintosh.
A avaliação do corretor Mario
Zawadzki, da Schweber, que opera na Bolsa de Buenos Aires, mostra como em momentos como esse a boa receptividade interna pode não valer muita coisa. Ele concorda que o câmbio duplo foi bem
aceito na Argentina, mas diz que
os mercados locais continuarão
caindo, influenciados pelos grande bancos internacionais.
"O problema é que, no cassino
dos mercados mundiais, Wall
Street possui as melhores fichas.
Se eles apostam contra a Argentina, então os investidores locais
precisam seguir de alguma maneira", afirmou Zawadzki.
A reação do câmbio duplo foi
tão negativa que outras medidas
positivas do plano, como o corte
de impostos, foram completamente esquecidas pelos analistas
internacionais. "A redução dos
impostos foi feita para aumentar
o consumo e reavivar a economia", disse Eduardo Paressini, da
corretora Martorell.
De uma maneira geral, os operadores locais lamentaram a indiferença de Wall Street em relação
a esse e outros aspectos, mas foram obrigados a se sujeitar às tendências ditadas em Nova York.
O Departamento do Tesouro
dos EUA afirmou que não vai se
pronunciar a respeito do plano.
De acordo com John Taylor, secretário-adjunto para assuntos
internacionais, o governo vai esperar que o FMI emita sua análise
sobre o plano.
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