São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2001

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Empresa anuncia hoje um novo pacote de encomendas de aviões

DA REPORTAGEM LOCAL

A Embraer vai anunciar hoje, no Salão Aeroespacial de Le Bourget, na França, um dos maiores pacotes de encomendas de aviões da empresa neste ano. Diretores da Embraer e analistas financeiros estão animados com o ritmo das vendas, mas dizem que existem poucas chances de a empresa repetir o desempenho de 2000.
A razão é que o mercado de aviação é muito sensível às variações da economia mundial. Como os Estados Unidos e a Europa estão desacelerando, e o Japão continua em recessão, não há perspectiva de desempenho tão bom como o do ano passado.
Em Le Bourget, uma das principais feiras de aviação do mundo, a grande aposta da Embraer são seus modelos de jatos executivos com mais de 50 lugares, ERJ 170 (70 passageiros) e ERJ 190 - 200 (108 lugares). Esses modelos foram lançados em 1999, mas é em Le Bourget que a Embraer começa a fazer seu principal teste de mercado.
"Em termos de volumes de encomendas, daqui para a frente teremos um volume maior da nova família de jatos em comparação ao que vinha sendo contratado das famílias antigas", disse Maurício Botelho, presidente da Embraer.
Atualmente, a Embraer concentra suas vendas em modelos menores, com até 50 lugares (ERJ 135 e ERJ 145). Mas decidiu lançar jatos maiores e entrar numa nova rota de concorrência.
"A Embraer vai enfrentar empresas que não eram suas concorrentes diretas, como a Boeing e a Airbus", diz José Antônio Paiva Filho, analista da consultoria Lopes Filho. "Le Bourget será um teste importante."
A Bombardier, principal concorrente da Embraer, também está embarcando nesse mercado, com seus novos CRJ 700 e CRJ 900, ambos com mais de 50 lugares. Na avaliação de analistas, a briga entre Embraer e Bombardier será a grande sensação da feira de Le Bourget.
"Meu palpite é que essa feira será como a de dois anos atrás: os fabricantes de jatos regionais vão roubar o show mais uma vez", disse Hoard Wheeldon, analista da Prudential-Bache Securities, em Londres.
Fábio Zagatti, analista de investimentos do HSBC Investment Bank no Brasil, avalia que a estratégia da Embraer é manter o ritmo de produção em torno de 20 aviões por mês e, gradualmente, trocar os modelos mais antigos, de até 50 lugares, por aviões mais novos.
Essa seria uma maneira de aumentar a receita sem mexer no ritmo de produção, uma vez que os jatos maiores também são mais caros. A Embraer tem tempo para fazer a troca. Segundo Zagatti, as encomendas já confirmadas equivalem a seis anos de produção.
"A Embraer está com uma carteira de encomendas muito consistente", diz Zagatti. "O melhor sinal disso é que a procura por ações da empresa superou as expectativas."
Ontem, foi anunciado o resultado da venda das ações preferenciais da empresa, realizada na semana passada. Foram vendidos papéis no valor de US$ 750 milhões, contra uma expectativa de US$ 600 milhões.
Outra novidade divulgada ontem pela Embraer foi a associação com outro fabricante de aviões, a italiana ATR, para vendas por meio de um portal na Internet. A empresa também anunciou a primeira venda do Legacy, um jato executivo para empresas.


Com agências internacionais

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