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Turbulências já custaram R$ 23,4 bi ao governo
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As turbulências no mercado já elevaram em R$ 23,4 bilhões o valor da dívida pública federal em títulos que vence neste ano.
O aumento é resultado das trocas de papéis de longo prazo por
outros com vencimentos mais
curtos que o governo está sendo
obrigado a fazer para acalmar os
investidores.
A previsão do coordenador da
dívida pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle, é que ainda neste
mês chegue a 30% do estoque da
dívida o volume com vencimento
nos próximos 12 meses. Isso
acontecerá porque diariamente o
governo está trocando papéis de
longo prazo por outros de prazo
menor.
Somente ontem, foi trocado R$
1 bilhão em títulos que venceriam
em 2003 por papéis com resgate
marcado para outubro e novembro deste ano. "Não quero fazer
especulação. Mas, em junho, os
vencimentos em 12 meses vão aumentar mais e devem chegar a
30%", avaliou o coordenador.
De acordo com relatório divulgado ontem, em maio esse percentual atingiu 27,76% contra
25,91% verificados em abril. Esse
aumento ainda não reflete o efeito
da troca de papéis para controlar
o nervosismo do mercado, que
começou nos primeiros dias de
junho.
Em maio, a dívida pública interna em poder do mercado alcançou R$ 639,39 bilhões. Isso representa uma alta de 0,96% em relação ao mês anterior. Embora a
pressão do câmbio sobre a dívida
tenha sido grande (6,75% de alta
do dólar), o crescimento foi moderado porque houve resgate líquido de R$ 12,3 bilhões.
Ou seja, o Tesouro Nacional retirou do mercado um valor maior
em títulos do que emitiu.
O chefe do Departamento de
Operações do Mercado Aberto do Banco Central, Sérgio Goldenstein, disse que a maior parte desse resgate líquido (R$ 9,2 bilhões) ocorreu porque o BC rolou títulos cambiais oferecendo ao mercado "swap" cambial -instrumento pelo qual o BC dá remuneração em dólar ao investidor.
"O BC efetivamente resgata o papel cambial e troca por "swap", que não tem efeito de caixa na dívida", disse Goldenstein.
Apesar de não elevar diretamente o valor da dívida, as operações de "swap" aumentam a sua exposição cambial. Em abril, 28,84% da dívida estava atrelada
ao câmbio. No mês passado, esse índice subiu para 30,29%.
O alto grau de exposição da dívida às variações do câmbio tem sido motivo de críticas recorrentes do FMI (Fundo Monetário Internacional) ao Brasil. "Isso é um processo. Em setembro do ano passado, o dólar subiu e a exposição foi para 32%, mas depois caiu. Agora, está pressionando de novo", justificou Valle.
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