São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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Turbulências já custaram R$ 23,4 bi ao governo

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As turbulências no mercado já elevaram em R$ 23,4 bilhões o valor da dívida pública federal em títulos que vence neste ano.
O aumento é resultado das trocas de papéis de longo prazo por outros com vencimentos mais curtos que o governo está sendo obrigado a fazer para acalmar os investidores.
A previsão do coordenador da dívida pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle, é que ainda neste mês chegue a 30% do estoque da dívida o volume com vencimento nos próximos 12 meses. Isso acontecerá porque diariamente o governo está trocando papéis de longo prazo por outros de prazo menor.
Somente ontem, foi trocado R$ 1 bilhão em títulos que venceriam em 2003 por papéis com resgate marcado para outubro e novembro deste ano. "Não quero fazer especulação. Mas, em junho, os vencimentos em 12 meses vão aumentar mais e devem chegar a 30%", avaliou o coordenador.
De acordo com relatório divulgado ontem, em maio esse percentual atingiu 27,76% contra 25,91% verificados em abril. Esse aumento ainda não reflete o efeito da troca de papéis para controlar o nervosismo do mercado, que começou nos primeiros dias de junho.
Em maio, a dívida pública interna em poder do mercado alcançou R$ 639,39 bilhões. Isso representa uma alta de 0,96% em relação ao mês anterior. Embora a pressão do câmbio sobre a dívida tenha sido grande (6,75% de alta do dólar), o crescimento foi moderado porque houve resgate líquido de R$ 12,3 bilhões.
Ou seja, o Tesouro Nacional retirou do mercado um valor maior em títulos do que emitiu.
O chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central, Sérgio Goldenstein, disse que a maior parte desse resgate líquido (R$ 9,2 bilhões) ocorreu porque o BC rolou títulos cambiais oferecendo ao mercado "swap" cambial -instrumento pelo qual o BC dá remuneração em dólar ao investidor.
"O BC efetivamente resgata o papel cambial e troca por "swap", que não tem efeito de caixa na dívida", disse Goldenstein.
Apesar de não elevar diretamente o valor da dívida, as operações de "swap" aumentam a sua exposição cambial. Em abril, 28,84% da dívida estava atrelada ao câmbio. No mês passado, esse índice subiu para 30,29%.
O alto grau de exposição da dívida às variações do câmbio tem sido motivo de críticas recorrentes do FMI (Fundo Monetário Internacional) ao Brasil. "Isso é um processo. Em setembro do ano passado, o dólar subiu e a exposição foi para 32%, mas depois caiu. Agora, está pressionando de novo", justificou Valle.



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