São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COLAPSO

Produção de bens e serviços no país recua 16,2% no primeiro trimestre, abaixo do resultado da hiperinflação de 1990

PIB argentino sofre maior baixa da história

DE BUENOS AIRES

A economia argentina enfrentou a maior retração de sua história no primeiro trimestre deste ano. De acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério da Economia, o PIB (Produto Interno Bruto, o total de bens e serviços produzidos em um ano no país) caiu 16,3% entre janeiro e março de 2002 em comparação ao mesmo período do ano passado.
Segundo o diretor do Indec (o IBGE local), Juan Carlos del Bello, o recorde anterior havia ocorrido no primeiro trimestre de 1990, quando a crise hiperinflacionária derrubou o PIB em 12,5%.
A Argentina está em recessão há 14 trimestres. Nem durante a crise mundial de 1929 o país havia enfrentado uma recessão tão longa.
A crise se aprofundou no começo deste ano devido às restrições bancárias impostas pelo curralzinho, que derrubaram o consumo em 20,9% entre janeiro e março.
Além disso, o país decretou a moratória da dívida externa no final de 2001, o que afugentou de vez o investimento estrangeiro. A aplicação de recursos no setor produtivo caiu 46,1% no primeiro trimestre.
O diretor de Contas Nacionais do Indec, Fernando Cerro, disse que "se a atividade econômica se mantiver estável durante 2002 o PIB fechará o ano com uma baixa de 15%". As principais consultorias do país e o FMI (Fundo Monetário Internacional) também apontam uma contração dessa magnitude.
No ano passado, a economia argentina havia encolhido 4,4%. O resultado do último trimestre de 2001, de retração de 10,5%, já mostrava a tendência de aprofundamento do quadro recessivo.

Curralzinho
Os bancos argentinos acreditam que o plano para flexibilizar o curralzinho e reativar a economia, que começou a ser implementado anteontem, seja um fiasco. Segundo o jornal "Ámbito Financeiro", os banqueiros dizem que apenas 10% dos correntistas vão exercer a opção de trocar os depósitos congelados nos bancos por títulos públicos. O governo espera que pelo menos 40% da população confirme a adesão ao plano até 16 de julho. Caso contrário, o governo não poderá gradativamente eliminar todas as restrições bancárias como esperava.
O plano para flexibilizar o curralzinho foi alvo de um grande protesto ontem em Buenos Aires.



Texto Anterior: Comentário: Crise também ameaça credibilidade do governo Bush
Próximo Texto: FMI quer que país pare de gastar as reservas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.