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COLAPSO
Produção de bens e serviços no país recua 16,2% no primeiro trimestre, abaixo do resultado da hiperinflação de 1990
PIB argentino sofre maior baixa da história
DE BUENOS AIRES
A economia argentina enfrentou a maior retração de sua história no primeiro trimestre deste ano. De acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério da
Economia, o PIB (Produto Interno Bruto, o total de bens e serviços produzidos em um ano no país) caiu 16,3% entre janeiro e março de 2002 em comparação ao
mesmo período do ano passado.
Segundo o diretor do Indec (o IBGE local), Juan Carlos del Bello,
o recorde anterior havia ocorrido no primeiro trimestre de 1990,
quando a crise hiperinflacionária
derrubou o PIB em 12,5%.
A Argentina está em recessão há
14 trimestres. Nem durante a crise
mundial de 1929 o país havia enfrentado uma recessão tão longa.
A crise se aprofundou no começo deste ano devido às restrições
bancárias impostas pelo curralzinho, que derrubaram o consumo
em 20,9% entre janeiro e março.
Além disso, o país decretou a
moratória da dívida externa no final de 2001, o que afugentou de
vez o investimento estrangeiro. A
aplicação de recursos no setor
produtivo caiu 46,1% no primeiro
trimestre.
O diretor de Contas Nacionais
do Indec, Fernando Cerro, disse
que "se a atividade econômica se
mantiver estável durante 2002 o
PIB fechará o ano com uma baixa
de 15%". As principais consultorias do país e o FMI (Fundo Monetário Internacional) também
apontam uma contração dessa
magnitude.
No ano passado, a economia argentina havia encolhido 4,4%. O
resultado do último trimestre de
2001, de retração de 10,5%, já
mostrava a tendência de aprofundamento do quadro recessivo.
Curralzinho
Os bancos argentinos acreditam
que o plano para flexibilizar o curralzinho e reativar a economia,
que começou a ser implementado
anteontem, seja um fiasco. Segundo o jornal "Ámbito Financeiro",
os banqueiros dizem que apenas
10% dos correntistas vão exercer a
opção de trocar os depósitos congelados nos bancos por títulos públicos. O governo espera que pelo menos 40% da população confirme a adesão ao plano até 16 de julho. Caso contrário, o governo não poderá gradativamente eliminar todas as restrições bancárias como esperava.
O plano para flexibilizar o curralzinho foi alvo de um grande
protesto ontem em Buenos Aires.
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