São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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FUNDOS

Selic estável frustra mercado

Renda fixa pode perder devido à decisão do BC

ISABEL CAMPOS
SANDRA BALBI

DA REPORTAGEM LOCAL

Com a manutenção da taxa Selic em 18,5% ao ano, os juros no mercado futuro subiram expressivamente, o que poderá afetar negativamente alguns fundos de renda fixa. A decisão do Copom de não alterar a Selic frustrou boa parte dos operadores do mercado e sua reação imediata foi adequar suas posições. Isso fez disparar os juros no mercado futuro.
Mas perdas acumuladas dos fundos DI, de renda fixa e de previdência diminuíram nos últimos dias. Segundo dados do site Fortuna as perdas dos DI, desde o início das novas normas de contabilização, recuaram de 0,76%, em média, para 0,36% até o último dia 17. Os fundos de previdência, que no final de maio perdiam 1,13%, estão perdendo 1% e os renda fixa saíram de uma rentabilidade de -1,40% para -0,95%.
Segundo Emanuel Pereira da Silva, diretor da Gap Asset Management, na hora do anúncio do Copom a taxa do contrato de janeiro de 2003, que era de 22,70%, saltou para 24%.
Para os fundos de renda fixa, que carregam títulos prefixados, altas dos juros, principalmente inesperadas, sempre podem provocar perdas. Os DI não são afetados pelos juros futuros.
O raciocínio é o seguinte: vamos supor que a carteira do fundo tenha um título que pague 22% ao ano. Quando a taxa sobe para 24%, o título se desvaloriza para se adequar ao novo patamar.

Recomposição
O processo de redução das perdas dos fundos começou na semana passada. Dados do site Fortuna mostram que no dia 13 os renda fixa já acumulavam ganho de 0,06%, enquanto os DI (-0,02) e os de previdência (0,01%) ainda giravam no vermelho.
Os fundos que sofreram mais no início da "marcação a mercado" (a contabilidade diária do valor dos títulos em carteira) são os que apresentam recuperação mais expressiva. É o caso dos fundos da Caixa Econômica Federal e Nossa Caixa, por exemplo.
"O que fez as cotas dos fundos apresentarem resultados melhores foram os leilões de recompra de LFTs [Letras Financeiras do Tesouro" pelo Banco Central", diz Wilson Risolia, diretor da CEF.
Segundo Risolia, como o deságio dos títulos nesses leilões foi baixo, de 0,13% para os que vencem em 2003, quem provisionou perdas nos fundos de acordo com o deságio máximo de 0,18%, como a CEF, teve um ganho de 0,05 ponto percentual após os leilões.
"Quem resgatou a aplicação nos primeiros dias após o ajuste ficou com o prejuízo. Quem ficou já recuperou parte das perdas", diz
Segundo ele, com mais uma ou duas semanas de calmaria e os fundos mantendo cotas diárias no azul, o fluxo de recursos deve voltar. Até o dia 17 continuavam os saques: os DI perderam R$ 5,4 bilhões e os renda fixa R$ 7,1 bilhões desde o dia 29.



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