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ARGENTINA
Após atrito com BC, Lavagna é criticado por chefe de gabinete de Duhalde
Ministro da Economia se isola mais
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Após negar diversas vezes nesta
semana que iria renunciar devido
a divergências com o Banco Central, o ministro Roberto Lavagna
(Economia) aumentou seu isolamento ao se desentender ontem
com outros membros do governo
argentino, desta vez pelo reajuste
das tarifas públicas.
A disputa interna começou na
noite de quinta-feira, quando Lavagna anunciou que as tarifas subiriam a partir de agosto. O aumento, de até 10%, seria concedido inicialmente para as empresas
de água e luz.
Segundo o ministro, tais empresas enfrentam dificuldades financeiras desde janeiro, quando começou a desvalorização cambial.
Lavagna acredita que manter as
tarifas congeladas mesmo com a
queda de 70% do peso poderia levar ao racionamento dos serviços.
No entanto, parlamentares tornaram público ontem que não
concordavam com o aumento de
tarifas e exigiram negociar uma
decisão de consenso com o governo, que cedeu às pressões.
No final da manhã, o chefe de
gabinete, Alfredo Atanasof, desautorizou Lavagna e disse que "o
governo não vai permitir nenhum
reajuste" antes de negociar a fórmula de aumento com empresários do setor, membros do Congresso e consumidores.
Depois, o porta-voz do Ministério da Economia, Sergio Federovisky, mostrou que Lavagna, mesmo isolado, não estava disposto a
ceder. Federovisky confirmou o
reajuste de tarifas e disse que esse
tipo de decisão seria de caráter exclusivo do ministério, sem vínculos com o Congresso.
O desentendimento em torno
das tarifas públicas soma-se à disputa interna de Lavagna com o
presidente do BC, Aldo Pignanelli, desatado nesta semana.
Pignanelli esteve nos Estados
Unidos, onde apresentou a dirigentes do FMI (Fundo Monetário
Internacional) e do Tesouro seu
plano para flexibilizar as restrições bancárias impostas pelo curralzinho, que prevê a liberação
dos recursos depositados em contas correntes e cadernetas de poupança de até 10 mil pesos.
Lavagna atacou esse plano durante toda a semana. Para ele, a liberação dos recursos levaria à hiperinflação. No entanto, assim
como Pignanelli, ele disse que os
atritos eram "temas menores".
A distância do presidente
Eduardo Duhalde dos conflitos
internos detonaram uma onda de
boatos de que, sem apoio, Lavagna renunciaria. O mais cotado para substituí-lo seria o ex-presidente do BC Mario Blejer. Os boatos foram negados por Lavagna e
por Blejer, mas em nenhum momento por Duhalde.
A discussão sobre as possíveis soluções para o sistema financeiro devem continuar na próxima semana, quando chega a Buenos Aires a equipe de economistas estrangeiros designada pelo FMI.
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