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AVIAÇÃO
Pilotos contratam consultor
Funcionários e credores tentam controlar Varig
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Associação dos Pilotos da Varig (Apvar) iniciou contatos com
credores da companhia aérea, como a BR Distribuidora, Unibanco
e Boeing, para assumir o controle
da empresa. A estratégia dos pilotos é somar a dívida trabalhista de
R$ 2 bilhões que reivindicam com
os US$ 900 milhões que a Varig
deve no mercado.
A GGR, empresa especializada
em fusões e aporte de capital, foi
contratada para a operação. Bruno da Rocha, sócio-gestor da
companhia, disse ontem que a receptividade dos credores tem sido
muito boa. "Eles se mostram favoráveis a um plano do tipo", disse à Folha. A meta da Apvar é
pressionar a Varig para que o bloco de credores assuma a gestão da
empresa. "Temos instrumentos
para isso."
A decisão dos pilotos surgiu depois de um diagnóstico do economista Paulo Rabello de Castro,
que mostrou que a Varig é viável.
Os funcionários não querem administrar a companhia, mas serem acionistas.
"Pilotos não sabem gerir uma
empresa. Queremos profissionalizar a gestão da Varig e retirar
membros da Fundação Rubem
Berta do conselho", disse Flávio
Souza, presidente da Apvar.
Os débitos trabalhistas reivindicados pelos pilotos dizem respeito a repouso remunerado não-pago, entre outros assuntos. A Apvar quer entrar com uma ação judicial que represente todos os pilotos da Varig. Já conseguiu a assinatura de 700 dos 1.300 funcionários para isso.
"Até o início de agosto, entramos com o processo", disse Rocha. Segundo ele, no momento em que a Justiça aceitar o processo, a Varig terá de fazer um provisionamento de R$ 2 bilhões para garantir o pagamento das dívidas.
O vice-presidente de planejamento da Varig, Alberto Fajerman, afirmou que não faz sentido o plano dos pilotos. "Uma dívida trabalhista geralmente só é reconhecida quando julgada". Segundo ele, existem poucos casos no
mundo nos quais funcionários de companhias aéreas conseguiram
o provisionamento de dívidas em julgamento.
O executivo disse que as negociações para que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) participe de um aporte de capital de cerca de US$ 300 milhões na Varig continuam. Se ocorrer, todas as ações
da empresa passarão a ter direito a voto, e a Fundação Rubem Berta
não seria mais controladora.
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