São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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CRISE REAL

Segundo sindicato, empresa aceita suspender 700 das 808 dispensas; metalúrgicos suspendem greve na segunda

GM aceita negociar e reduzir demissões

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A GM (General Motors) de São Caetano do Sul, no ABC paulista, aceitou negociar alternativas e suspender parte das 808 demissões que pretende fazer na fábrica. Com o anúncio, feito ao sindicato, os funcionários da montadora cancelaram a paralisação prevista para começar na segunda-feira, mas continuam em estado de greve, segundo informou o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano (Força Sindical).
A decisão foi confirmada ontem em assembléia realizada com 5.000 trabalhadores ligados à produção. Nova reunião está marcada para terça-feira, quando representantes da empresa e do sindicato devem fechar um acordo.
A GM anunciou que precisa reduzir seu quadro pessoal para manter a competitividade da fábrica, por isso precisa ajustar os níveis de produção ao mercado interno. As quedas nas vendas no setor automobilístico em alguns meses deste ano em comparação a 2001 chegam a 20%.
Após duas horas de reunião, diretores da montadora apresentaram um pacote de medidas para evitar 700 demissões de trabalhadores efetivos, informou o sindicato. A empresa mantém a dispensa de 108 empregados temporários, cujos contratos vencem no final deste mês, e as férias coletivas para cerca de 4.500 trabalhadores de 29 de julho a 7 de agosto.
Entre as medidas apresentadas ao sindicato estão: reduzir a jornada até 20 de setembro, com esquema de três semanas de trabalho e uma semana de folga, para grupos de 350 operários; abertura de um programa de demissões voluntárias; concessão de férias vencidas para trabalhadores de todos os setores da fábrica e adoção do sistema de lay-off para 700 empregados a partir de setembro até fevereiro. Nesse período, os funcionários receberiam 80% dos salários, com garantia de pagamento integral do 13º salário, participação nos lucros e resultados e assistência médica.
A GM não confirma o pacote. Mas, em nota divulgada ontem, o vice-presidente da montadora no Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, informa que está estudando "alternativas visando a atenuar os efeitos da programada redução de seu pessoal para adequar os níveis de produção à demanda do mercado". Também diz que a montadora "enfatiza a absoluta necessidade de a empresa manter-se competitiva em um mercado acentuadamente concorrencial".
A nota cita ainda que as medidas estão sendo adotadas em atenção aos pedidos do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral. Pinheiro Neto se reuniu na quarta-feira com o governador, que pediu que a GM reavaliasse as demissões.
O vice-presidente do sindicato, Agamenon Alves, disse que o sistema de lay-off está descartado. "A empresa pode estender a jornada reduzida por mais tempo, usando o banco de horas até fevereiro, em vez de deixar os trabalhadores em casa com salário reduzido. O fato é que as negociações estão avançando."
O sindicato defende que a empresa mantenha os 108 temporários e abra um programa de incentivos para o desligamento de aposentados.

Promoção
Para tentar reduzir seus estoques, as concessionárias da GM vão fazer promoções neste final de semana nas lojas da Grande São Paulo.
Os descontos incluem carros da linha 2003 -como o Celta (versão hatchback, modelo três portas), que será vendido com taxa de juros de 0,99% ao mês. O preço do carro nas concessionárias é R$ 16.170, e a taxa normal varia de 2,4% a 2,86%.
Fiat e Volkswagen também estão oferecendo descontos na vendas de carros. A Volks também vai realizar um feirão no shopping Interlagos, com descontos de até 12% em alguns modelos.



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