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Só a VarigLog participa de leilão hoje
Ex-subsidiária da Varig foi a única que cumpriu exigência de depósito judicial para dar lances pelas operações da aérea
Empresa oferece US$ 20 milhões à vista, mas já pagou mais de US$ 14 milhões para garantir a sobrevivência até o leilão
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Após mais de um ano de recuperação judicial, as operações da Varig vão hoje a leilão
pela segunda vez e com apenas
um interessado. A VarigLog,
ex-subsidiária de transporte de
cargas, é a única empresa disposta a arrematar as operações
de vôo, as concessões e o Smiles, programa de milhagem.
Segundo o edital do leilão,
qualquer outro interessado só
poderia realizar lances se depositasse em juízo ontem US$ 24
milhões (R$ 52,8 milhões).
O expediente no cartório da
8ª Vara Empresarial do Rio,
responsável por receber os depósitos judiciais para o leilão,
foi encerrado sem que novos
investidores se qualificassem.
Um investidor chegou a ligar
para perguntar como procederia, mas não fez o depósito.
A Justiça definiu o depósito
em juízo como precondição para a participação. O objetivo era
evitar uma repetição do primeiro leilão, em 8 de junho. A
NV Participações, empresa do
TGV (Trabalhadores do Grupo
Varig), foi a única a apresentar
oferta, mas não conseguiu pagar os US$ 75 milhões (R$ 165
milhões) iniciais no prazo previsto no edital. A Justiça acabou anulando a venda.
O risco de sucessão de dívidas foi o principal fator a inibir
a participação de outras empresas no leilão da Varig.
O juiz Luiz Roberto Ayoub,
da 8ª Vara Empresarial, responsável pelo processo de recuperação da Varig, chegou a
incluir no processo decisões
que livrariam os interessados
da sucessão de dívidas fiscal e
trabalhista, mas isso não convenceu investidores.
Sem concorrentes, a VarigLog deverá ser a nova dona da
Varig, salvo imprevistos. Ela
oferece US$ 20 milhões (R$ 44
milhões) à vista pelas operações. Do total, já aportou mais
de US$ 14 milhões (R$ 30,8 milhões) para garantir a sobrevivência da Varig até o leilão. Ontem, fez novo depósito. Os recursos têm sido usados para o
pagamento de combustível, tarifas aeroportuárias e salários.
A VarigLog é controlada pela
Volo do Brasil, que tem como
acionistas três empresários
brasileiros (Marco Antônio Audi, Marcos Haftel e Luiz Gallo),
e pelo fundo de investimento
americano Matlin Patterson.
A proposta da VarigLog inclui ainda o pagamento pelo
uso de serviços como o Centro
de Treinamento de Tripulantes, o aluguel de imóveis e o fretamento de aeronaves. Esses
recursos serão pagos à "velha
Varig", parcela da empresa que
permanece em recuperação judicial e carrega as dívidas estimadas em R$ 7,9 bilhões. O novo dono deverá garantir um fluxo de caixa de R$ 19,6 milhões
para a "velha Varig". O dinheiro
será usado para pagar os credores nos próximos 20 anos.
A nova Varig vai receber investimentos de US$ 150 milhões em até 30 dias após o leilão. A companhia terá inicialmente 1.500 funcionários.
Após o leilão, a Varig vai demitir 8.000 pessoas. Apesar das
demissões, os credores avaliaram em assembléia que a proposta era melhor que a falência.
O novo dono da Varig deverá
assumir R$ 245 milhões em bilhetes emitidos e o passivo (milhas acumuladas) de R$ 70 milhões do Smiles. A VarigLog se
comprometeu a emitir debêntures (títulos de dívida) de R$
100 milhões, que podem ser
convertidas em 10% de participação na nova empresa para
funcionários e credores com
garantias, como o Aerus, fundo
de pensão dos empregados.
Oferta descartada
A consultoria Cinzel Partners chegou a apresentar formalmente à Justiça uma proposta de compra da Varig na
terça-feira. Segundo Marcelo
Bastos, diretor da Cinzel, a
oferta era de US$ 860 milhões
pelos ativos e incluía investimentos de US$ 320 milhões. "O
modelo escolhido pela Justiça
para a Varig não nos interessa",
disse. A Folha apurou, porém,
que a oferta não foi considerada porque parte do pagamento
seria em moeda podre.
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