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Governo cede sobre zonas de exportação
Com atuação direta de Sarney, projeto que cria ZPEs, a ser sancionado hoje, terá menos vetos do que havia sido acordado no Congresso
Patrocinador de projeto que
tramitou por 11 anos
no Congresso, senador
considerou que mudanças
esvaziariam sua proposta
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O projeto que cria as ZPEs
(Zonas de Processamento de
Exportações) e será sancionado hoje por Lula deverá trazer
menos vetos do que a área econômica do governo pretendia
por causa da atuação direta do
ex-presidente e senador José
Sarney (PMDB-AP).
Patrocinador do projeto que
tramitou por 11 anos no Congresso, Sarney considerou que
as propostas de veto vindas do
Executivo excediam o acordo
fechado no início de junho entre o governo e os senadores e
que sua proposta seria esvaziada, caso prevalecesse a visão do
Ministério da Fazenda.
O acordo com o governo previa -além de vetos a pontos
que pudessem ferir as regras do
comércio internacional, prejudicar a Zona Franca de Manaus
e promover a concorrência desleal com outras empresas- a
edição de uma medida provisória que faria as correções necessárias à proposta das ZPEs.
"A filosofia era vetar grande
parte do projeto e corrigir na
MP. Agora, o projeto será sancionado e as correções ficarão
para a medida provisória. Lutamos para manter o acordo que
tinha sido feito. O importante é
que o princípio das ZPEs está
consagrado e elas vão sair do
papel", disse Sarney.
O governo queria, por exemplo, elevar seu controle sobre as
zonas, retirando do projeto o
Conselho Nacional das ZPEs,
responsável pela regulamentação dos empreendimentos.
A Fazenda propunha transferir essas atribuições para o
Executivo. Na quarta, o governo concordou em manter a versão original da proposta.
A equipe econômica também
queria eliminar por completo o
regime cambial diferenciado a
que as empresas instaladas nas
ZPEs teriam direito.
Na proposta do Senado, é como se essas companhias não
estivessem instaladas no Brasil.
Poderiam, por exemplo, abrir
uma conta em dólares num
banco nacional e mandar recursos ao exterior sem contratos de câmbio, o que é vedado
pela legislação brasileira.
Tecnicamente, não há dúvidas de que será preciso atualizar o projeto para que ele se enquadre nas regras cambiais do
país. O consenso acabou sendo
o veto imediato à conta em dólar, enquanto o resto deve ser
adaptado posteriormente.
A parte tributária do projeto
é a única em que não houve polêmicas. Conforme a negociação com os senadores, o governo substituiu a isenção de impostos pela suspensão na cobrança. A MP que será editada
fará os ajustes, e os vetos propostos não enfrentaram resistências políticas.
Para as empresas, nada muda, já que continuam deixando
de recolher os impostos. Mas a
alteração permite que a Receita
cobre os tributos das empresas
que venderem parte da produção no mercado doméstico.
O outro ponto alterado foi a
regulamentação do percentual
de vendas ao mercado interno.
Em vez de permitir a venda de
20% no mercado interno, as
empresas das ZPEs terão que
exportar 80% de sua produção.
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