São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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FMI culpa protecionismo dos EUA por alta dos alimentos

Economista-chefe critica barreira ao álcool brasileiro

DA REUTERS

O economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional), Simon Johnson, culpou o protecionismo agrícola norte-americano pelos grandes aumentos nos preços de alimentos nos Estados Unidos, hoje influenciados pela crescente demanda por milho para a produção de álcool nos EUA.
Johnson disse que a demanda pelo álcool e o maior consumo de alimentos nos mercados emergentes elevaram significativamente os preços no mundo.
Ele afirmou que a demanda pelo biocombustível, que tem reduzido os estoques de grãos, causou "ramificações econômicas" nos Estados Unidos, o que poderia ter sido evitado se o país removesse barreiras tarifárias para importações do álcool brasileiro, mais barato e feito da cana-de-açúcar.
"A questão do álcool foi um choque completamente desnecessário em conseqüência do protecionismo, causado por um ineficiente subsídio agrícola", disse Johnson.
"Se você quer subsidiar fazendeiros, está bem para mim, é uma decisão política, mas há maneiras muito melhores para se fazer isso. Esse é um caso que criou alguns problemas inflacionários que contaminaram questões macroeconômicas."
Nos primeiros quatro meses deste ano, os preços que os consumidores pagaram por comida e bebidas subiram em uma taxa anual, ajustada por temporadas, de 6,7%, comparadas com uma alta de apenas 2,1% em todo o ano passado, mostraram dados do Departamento de Trabalho dos EUA.
O aumento nos preços dos alimentos foi um "choque significativo de inflação no curto prazo", afirmou. "Há um choque inflacionário nos Estados Unidos. As expectativas inflacionárias de curto prazo presumivelmente se mexeram, enquanto as de médio prazo, não, então as pessoas acham que o Fed [banco central dos EUA] será capaz de controlar isso."
Há, no entanto, um efeito contagioso em outros países porque os preços do milho estão em alta global, e parte disso está vindo dos EUA, e outra parte, da demanda dos mercados emergentes", relatou.
Falando sobre questões mais amplas, Johnson disse estar perturbado pelas crescentes conversas protecionistas nos EUA, na Europa e em outros países, especialmente em uma época de crescimento da economia global. "Protecionismo é uma ladeira muito escorregadia e eu compreendo que é atrativa politicamente, mas é também muito perigosa."


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