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FMI culpa protecionismo dos EUA por alta dos alimentos
Economista-chefe critica barreira ao álcool brasileiro
DA REUTERS
O economista-chefe do FMI
(Fundo Monetário Internacional), Simon Johnson, culpou o
protecionismo agrícola norte-americano pelos grandes aumentos nos preços de alimentos nos Estados Unidos, hoje
influenciados pela crescente
demanda por milho para a produção de álcool nos EUA.
Johnson disse que a demanda pelo álcool e o maior consumo de alimentos nos mercados
emergentes elevaram significativamente os preços no mundo.
Ele afirmou que a demanda
pelo biocombustível, que tem
reduzido os estoques de grãos,
causou "ramificações econômicas" nos Estados Unidos, o que
poderia ter sido evitado se o
país removesse barreiras tarifárias para importações do álcool brasileiro, mais barato e
feito da cana-de-açúcar.
"A questão do álcool foi um
choque completamente desnecessário em conseqüência do
protecionismo, causado por
um ineficiente subsídio agrícola", disse Johnson.
"Se você quer subsidiar fazendeiros, está bem para mim,
é uma decisão política, mas há
maneiras muito melhores para
se fazer isso. Esse é um caso que
criou alguns problemas inflacionários que contaminaram
questões macroeconômicas."
Nos primeiros quatro meses
deste ano, os preços que os consumidores pagaram por comida e bebidas subiram em uma
taxa anual, ajustada por temporadas, de 6,7%, comparadas
com uma alta de apenas 2,1%
em todo o ano passado, mostraram dados do Departamento de
Trabalho dos EUA.
O aumento nos preços dos
alimentos foi um "choque significativo de inflação no curto
prazo", afirmou. "Há um choque inflacionário nos Estados
Unidos. As expectativas inflacionárias de curto prazo presumivelmente se mexeram, enquanto as de médio prazo, não,
então as pessoas acham que o
Fed [banco central dos EUA]
será capaz de controlar isso."
Há, no entanto, um efeito
contagioso em outros países
porque os preços do milho estão em alta global, e parte disso
está vindo dos EUA, e outra
parte, da demanda dos mercados emergentes", relatou.
Falando sobre questões mais
amplas, Johnson disse estar
perturbado pelas crescentes
conversas protecionistas nos
EUA, na Europa e em outros
países, especialmente em uma
época de crescimento da economia global. "Protecionismo é
uma ladeira muito escorregadia e eu compreendo que é atrativa politicamente, mas é também muito perigosa."
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