São Paulo, segunda, 20 de julho de 1998

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INTERNET
Velocidade do aumento das vendas vira atrativo na rede; volume de vendas deve chegar a US$ 6,1 bi nos EUA
Negócio virtual dispara, mas é pequeno

JOSÉLIA AGUIAR

SILVANA QUAGLIO da Reportagem Local O comércio é uma realidade inegável da Internet -a rede mundial de computadores. Mas nenhuma loja, banco ou indústria que tenha entrado para o mundo dos negócios eletrônicos está lucrando com a atividade.
O simples fato de que ninguém divulga resultados -até pela inexistência de formas confiáveis de aferição- demonstra um volume de negócios ainda insignificante.
Nos EUA, onde esse tipo de negócio é mais expressivo, as vendas on line devem atingir US$ 6,1 bilhões neste ano, prevê a empresa de consultoria GartnerGroup.
Embora não represente 1% dos US$ 8,5 trilhões do PIB norte-americano, as vendas crescem rapidamente. Um estudo feito pela Jupiter Communications' Strategic Planning Services mostra que o comércio eletrônico foi de apenas US$ 706 milhões em 96.
Por isso ninguém quer ficar fora da rede: nem anunciantes, nem quem aposta na rede para a venda direta de produtos e serviços.
"Essa é a marca de qualquer nova mídia. Foi assim com o rádio e com a televisão", afirmou Gustavo Viberti, diretor-presidente do Cadê?, um serviço de localização de informações brasileiras disponíveis na Internet.
Viberti faz uma comparação que deve ser vista com alguma reserva, já que os tempos são obviamente outros, mas serve para estabelecer um parâmetro mínimo.
O rádio, diz ele, levou 38 anos para atingir 50 milhões de americanos, a TV, 13, a TV por assinatura, 10. A Internet alcançou 50 milhões de usuários em cinco anos. No Brasil, são 1,6 milhão de usuários, segundo o Ibope.
Mas considerar que a rede já tenha se transformado em um novo meio de comunicação é um assunto controverso. Para Daniel Barbará, diretor comercial da agência de publicidade DPZ, essa é ainda uma discussão sociológica.
"No mundo todo é um negócio insignificante. E, no Brasil, ainda enfrentamos o atraso tecnológico da própria telefonia que compromete o avanço mais rápido", afirma Barbará.
Mas também ele acredita que a rede ainda causará uma revolução na forma como as pessoas se informam e consomem. É exatamente no momento do "Big Bang" que empresários e empreendedores em geral apostam.

Mudança cultural
A rede também rompe os padrões conhecidos de comércio. "A Internet modificará todas as práticas de negócios, afirma o consultor Paulo Puterman. Por mais antiga que seja a atividade de comprar e vender, exercê-la virtualmente é novidade para todos.
Nos EUA, esse desconhecimento é relativamente compensado pelo hábito de comprar por catálogo.
"Nós ainda não temos essa cultura no Brasil, mas a Internet ajudará a criá-la", diz Alon Feuerwerker, diretor de desenvolvimento e atendimento do Universo Online (empresa dos grupos Folha e Abril).
Outra característica da rede é o seu apelo global. A APL Digital -o braço eletrônico da agência de publicidade Ammarati Puris Lintas- já explora esse aspecto.
A empresa criou um site para o Iridium -novo sistema de telefonia portátil que não respeita as barreiras geográficas. O lançamento do produto foi feito em 50 países ao mesmo tempo, e a campanha, em 13 idiomas diferentes.


Colaborou Lucia Reggiani, da Reportagem Local


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