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COMÉRCIO EXTERIOR
Socorro para a falta de crédito virá das reservas internacionais; governo anuncia os detalhes hoje
BC vai emprestar US$ 2 bi para exportação
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central irá destinar
US$ 2 bilhões das reservas internacionais do país para o financiamento das exportações. A liberação dos recursos faz parte do esforço do governo para compensar
a falta de crédito externo para empresas brasileiras. O anúncio da
medida ajudou a derrubar a cotação do dólar, que abriu em alta e
começou a cair no final da manhã,
fechando em R$ 3,105, em queda
de 0,64%.
O cronograma de liberação dos
recursos e a maneira pela qual as
empresas terão acesso aos dólares
das reservas devem ser divulgados oficialmente hoje. Mesmo antes de fechar os detalhes da operação, o BC preferiu anunciar ainda
ontem o valor da operação, para
tentar acalmar o mercado.
A falta de crédito externo tem sido apontada como uma das causas da alta do dólar. Segundo o
Ministério do Desenvolvimento,
a oferta de crédito à exportação
caiu de R$ 16 bilhões para R$ 13
bilhões nas últimas semanas.
De acordo com o BC, os US$ 2
bilhões anunciados ontem farão
parte de um "programa inicial",
cujo valor poderá ser elevado caso
o governo julgue necessário. O dinheiro será colocado aos poucos
no mercado, por meio de leilões.
Além dos dólares das reservas
internacionais, também serão
destinados ao financiamento das
exportações US$ 1,5 bilhão emprestado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e
R$ 2 bilhões vindos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
No caso do dinheiro do BID e
do FAT, a parte operacional da
concessão dos empréstimos será
conduzida pelo BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). O BNDES
também terá mais US$ 400 milhões de bancos asiáticos e europeus. No total, os recursos anunciados pelo governo para as exportações nos últimos dez dias somam cerca de US$ 4,6 bilhões.
Quanto aos recursos das reservas, os técnicos do BC ainda trabalhavam ontem para finalizar o
método a ser utilizado para fazer
com que os recursos cheguem às
mãos dos exportadores. O BC não
pode emprestar o dinheiro diretamente para as empresas, pois a
instituição só está autorizada a
operar com bancos.
Mesmo nas transações com
bancos, o BC só vende dólares por
meio de leilões, normalmente feitos por meio de instituições financeiras por ele autorizadas -conhecidas no mercado como "dealers". Atualmente, não há mecanismo que garanta que os dólares
vendidos pelo BC sejam usados
para fins específicos, como o financiamento às exportações.
Os exportadores precisam de
crédito para financiar a produção
e o embarque das suas mercadorias para o exterior. Parte desses
empréstimos é oferecida pelo governo, por meio do BNDES e do
Banco do Brasil, e parte pelos
bancos privados. Nesse último caso, o dinheiro é captado no mercado internacional e repassado
para as empresas.
Com o aumento da desconfiança dos investidores em relação ao
país, o crédito ao setor privado registrou uma forte retração, dificultando o acesso das empresas
brasileiras ao crédito.
Essa retração afeta o mercado
de câmbio de duas maneiras. Por
um lado, empresas -exportadoras ou não- que possuem dívidas no exterior não conseguem
renovar seus empréstimos e são
obrigadas a quitá-los. Para isso,
mandam dólares para fora do
país, o que pressiona o dólar.
Além disso, há o caso específico
dos exportadores, que poderiam
aproveitar a alta do dólar para aumentar suas vendas para o exterior, mas acabam tendo suas vendas limitadas pela falta de crédito.
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