|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INVESTIMENTOS
DI tiveram captação negativa de R$ 467 milhões e os renda fixa, de R$ 843,3 milhões, a maior da semana
Pacote do BC eleva saque de fundos no 1º dia
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O pacote de medidas do Banco
Central, anunciado na quarta-feira passada, com o objetivo de diminuir a oscilação dos fundos e
trazer de volta o investidor, surtiu
efeito positivo na rentabilidade
dos fundos pelo menos no primeiro dia de vigência.
Mas não se pode dizer o mesmo
em relação à captação. Os fundos
DI e de renda fixa continuam tendo mais saídas de recursos do que
entradas.
Conforme dados do site Fortuna, no dia 15, os DI apresentaram
captação líquida negativa de R$
467 milhões e os renda fixa, de R$
843,3 milhões. Este valor foi o
maior apurado na semana. No
ano, já saíram R$ 25,3 bilhões da
categoria renda fixa e R$ 21,3 bilhões da DI.
Já em relação à rentabilidade,
segundo o site Fortuna, na quinta-feira os fundos DI e de renda fixa renderam, em média, 0,09% ao
dia, 28,57% a mais do que o CDI
(Certificado de Depósito Interbancário, título negociado entre
os bancos e utilizado como referência do mercado de renda fixa),
que variou 0,07%.
Entre os fundos mais rentáveis
daquele dia, os ganhos foram ainda mais expressivos. Na categoria
DI, o fundo Dresdner DI rendeu
0,30% e o Itaú Institucional DI
FIF, 0,28%. Na de renda fixa, os
destaques foram o Itaú-Matrix PS
FIF, com 0,23% de rendimento, e
o Nossa Caixa FIF Renda Fixa,
com 0,22%.
Na quarta passada, foram anunciadas basicamente duas medidas
para melhorar o desempenho dos
fundos. Uma delas é que os gestores não precisam mais contabilizar os títulos em carteira com menos de um ano pelo valor de mercado, como havia sido determinado no final de maio pelo Banco
Central. Isso agora pode ser feito
com base na curva de juros prometida pelo emissor.
A outra medida é que o Banco
Central fará, periodicamente, leilões de recompra de LFTs (Letras
Financeiras do Tesouro), o principal papel que lastreia a carteira
dos fundos DI.
A melhora na rentabilidade no
dia 15, de acordo com gestores,
ocorreu, principalmente, devido
ao anúncio dos leilões de recompra das LFTs. Com os leilões, como já confirmado ontem e na sexta-feira, a tendência é que aumente a liquidez desses papéis, fazendo com que o seu preço no mercado secundário melhore e, consequentemente, reflita positivamente na cota dos fundos.
Na opinião de Francisco Camargo, diretor do Fortuna, ainda
é cedo para avaliar se as novas
medidas vão estancar a saída de
recursos e se a rentabilidade dos
fundos continuará a melhorar.
"Temos que esperar pelo menos
uma semana para apontar uma
tendência", diz. Hoje serão publicados os resultados dos fundos
relativos a sexta-feira.
Gestores consultados pela Folha também avaliam que ainda é
muito cedo para afirmar que o deságio dos títulos públicos diminuirá mais ou que o preço deles
não voltará a piorar no mercado
secundário.
"O principal fator que levou os
títulos a se depreciarem e os investidores a saírem dos fundos foi
a instabilidade causada pela eleição, e esse quadro ainda não foi
alterado", afirma Mário Carvalho,
diretor-executivo de administração de investimentos do WestLB
Banco Europeu.
Carvalho acredita que as medidas talvez freiem a saída de recursos dos fundos, mas dificilmente
trarão de volta o investidor que
saiu. "Houve uma quebra de confiança. Os aplicadores só devem
voltar em março ou abril de 2003,
depois que o novo presidente tiver definido claramente os seus
planos", observa.
"Os leilões de recompra melhoram um pouco o preço dos títulos,
mas não são decisivos para levar o
mercado de volta à normalidade.
Há muitas incertezas ligadas ao
cenário eleitoral", complementa
Marcello Paixão, diretor de investimentos do Max Blue.
Texto Anterior: Projeções: Mercado eleva para US$ 5,96 bi a estimativa de superávit comercial no ano Próximo Texto: Banco Central deve manter taxa de juro em 18%, dizem economistas Índice
|