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Banco Central deve manter taxa de juro em 18%, dizem economistas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A alta do dólar e o nervosismo do mercado devem fazer com que o Banco Central mantenha os juros em 18% ao ano, na opinião de economistas ouvidos pela Folha.
Hoje e amanhã, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se
reúne para decidir se altera não a
taxa básica da economia.
"O mercado não acha que o BC
será muito ousado", afirma
Eduardo Freitas, economista-sênior do Unibanco. Diante do nervosismo dos investidores, que se
traduz na alta do dólar e na elevação do risco-país, os juros devem
permanecer inalterados.
Na última reunião do Copom, a
cotação do dólar estava em R$
2,87, enquanto nos últimos dias
ela tem se mantido acima de R$ 3.
Além disso, o risco-país, que mede a desconfiança do mercado no
Brasil, estava em 1.500 pontos e
agora gira em torno dos 2.000
pontos.
O diretor de renda fixa do BNP
Paribas, Marcelo Saddi, cita ainda
o aumento da inflação como outro fator que deve impedir que o
BC reduza os juros. Entre janeiro
e julho, a alta de preços medida
pelo IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) ficou em
4,17%.
A meta oficial do governo para
este ano é de uma inflação, medida pelo IPCA, de 3,5%, com margem de tolerância de dois pontos
percentuais para cima ou para
baixo. O Banco Central já admitiu
que a meta não deverá ser cumprida, mas, ainda assim, a inflação
registrada até agora está acima do
esperado.
A alta do dólar é a principal
ameaça à estabilidade da inflação.
O movimento afeta, principalmente, as empresas que trabalham com muitas matérias-primas importadas. Por enquanto, o
repasse desse aumento de custos
para os preços ao consumidor é limitado por causa do desaquecimento da economia.
Apesar da expectativa negativa,
o economista-chefe do Lloyds,
Odair Abate, diz que existem também fatores positivos que poderiam explicar uma queda dos juros. Seriam eles o baixo nível da
atividade econômica observada
nos últimos meses e a mudança
nas metas de inflação fixadas no
novo acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional)
Pelo entendimento, a meta de
inflação deste ano é de 6,5%, com
margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais. Ou seja, a inflação
deste ano poderia chegar a 9%
que, ainda assim, a meta acertada
com o FMI seria cumprida
-mesmo que a meta oficial do
governo não fosse alcançada.
Mesmo assim, Abate diz acreditar que os fatores negativos prevalecerão e os juros serão mantidos em 18% ao ano.
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